A advogada brasiliense Isabella Fonseca, 28 anos, descobriu em 2021 que sofria de uma condição pouco conhecida: alergia a corantes alimentícios. Durante a faculdade, ela consumia diariamente salgadinhos industrializados de cores vibrantes e outros produtos ultraprocessados. Com o tempo, passou a apresentar enxaquecas intensas, diarreia recorrente e erupções na pele. A busca por respostas levou ao diagnóstico após um teste de contato, que também apontou reação ao amendoim.
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Adaptação difícil e restritiva
Segundo Isabella, a adaptação foi um grande desafio. “No início, eu passava mais de uma hora no mercado lendo rótulos. Descobri que praticamente tudo tem corante”, conta. A dificuldade não se restringe à alimentação: ela precisa verificar shampoos, maquiagens, tinturas de cabelo e até medicamentos.
Um episódio marcante ocorreu quando, ao tomar um anti-inflamatório de cor azul, passou mal e precisou de atendimento médico. “As pessoas acham que é frescura, mentira” desabafa.
De acordo com o alergista Thiago Lobianco, do Hospital Regional Adamastor Teixeira de Oliveira (RO), a reação é resultado de uma resposta imunológica anômala. “O organismo reconhece o corante como agente agressor e desencadeia uma resposta inflamatória desproporcional”, explica.
Apesar de rara, a alergia pode provocar sintomas cutâneos, respiratórios e gastrointestinais. Em casos mais graves, há risco até de anafilaxia. Os corantes artificiais, como tartrazina e eritrosina, estão entre os principais desencadeadores.
Diagnóstico e cuidados contínuos
O diagnóstico definitivo envolve teste cutâneos, exames de sangue e, em alguns casos, testes de provocação oral supervisionados em ambiente hospitalar. Para quem tem alergia confirmada, o tratamento é baseado na exclusão dos corantes e no uso de medicamentos em casos de reação.
“Não existe protocolo de dessensibilização para corantes. A recomendação é evitar totalmente a exposição”, explica Viana.
A rotina de Isabella exige cuidados fora de casa. Para socializar, ela precisa escolher opções naturais em restaurantes e bebidas sem adição de corantes. Em casa, opta pelos alimentos mais naturais possíveis e quando precisa de medicamentos para dor de cabeça, por exemplo, escolhe comprimidos de cor branca ou manipulados em cápsulas transparentes.
“Quando tenho contato com o corante, sinto desconforto estomacal e dores de cabeça muito fortes”, relata.
Como identificar uma crise alérgica
- Na pele: aparecimento súbito de urticária (manchas vermelhas), coceira intensa, inchaço nos lábios, olhos ou rosto.
- No sistema digestivo: dor abdominal, náusea, vômito ou diarreia logo após a ingestão.
- No sistema respiratório: tosse, chiado no peito, dificuldade para respirar ou sensação de garganta fechando.
- Na circulação: tontura, queda de pressão e sensação de desmaio — sinais de possível anafilaxia.
- Sintomas gerais: dor de cabeça forte e desconforto estomacal, que podem surgir em reações mais leves.
Segundo o alergista, a literatura médica ainda é escassa sobre o prognóstico da condição da Isabella. Diferente de algumas alergias alimentares em crianças, não há evidências de que a sensibilidade a corantes desapareça com o tempo. “A tendência é que a alergia persista ao longo da vida”, afirma.
Para Isabella, o diagnóstico mudou não só sua alimentação, mas também a forma como lida com o dia a dia. A jovem segue adaptando escolhas, consciente de que sua saúde depende de vigilância constante.
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Fonte: Metrópoles