O governo revisou para baixo as estimativas do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025, saindo de 2,5% para 2,3% ao ano. A justificativa é a desaceleração da atividade econômica do país. No segundo trimestre, o PIB do Brasil avançou 0,4% comparado ao primeiro trimestre do ano, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um dos motivos da desaceleração está relacionado à alta da taxa Selic, responsável por influenciar as demais taxas do país, que hoje está em 15% ao ano. “O ritmo de expansão das concessões de crédito tem se reduzido, junto com o aumento nas taxas de juros bancárias e na inadimplência”, afirma o Boletim Macrofiscal, divulgado na última quinta-feira (11/9) pela Secretária de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda.
A pasta afirma, ainda, que embora a taxa de desemprego siga no menor patamar da série histórica, já é possível perceber a tendência de desaceleração na expansão da massa de rendimentos real, ou seja, diminuição no poder de compra.
“A revisão está relacionada ao resultado abaixo do esperado observado para o PIB do segundo trimestre comparativamente ao projetado em julho, repercutindo canais potentes de transmissão da política monetária ao crédito e atividade”, afirma a pasta, em referência ao custo do crédito, os incentivos ao consumo e investimento, o valor dos ativos, que afeta a riqueza e o consumo e o câmbio, que impacta preços e balança comercial.
O PIB
- O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, em um ano.
- Uma alta significa que a economia está crescendo em um ritmo bom, enquanto um recuo implica encolhimento da produção econômica da nação.
- A estimativa do Banco Central (BC) para o crescimento do país neste ano é de 2,1%.
- Para o mercado financeiro, o PIB do Brasil avançará 2,19% em 2025.
- Em 2024, a economia brasileira cresceu 3,4%, ante crescimento de 3,2% no ano anterior.
Na prática, a alta da taxa de juros impossibilita a concessão ao crédito e aumenta a inadimplência da população junto aos bancos. A ideia do governo, segundo interlocutores, é reduzir as projeções de PIB com a intenção de “pressionar” o Banco Central (BC) a diminuir a taxa Selic, o que já foi descartado pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo.
Galípolo já declarou que vê a taxa de juros em patamar mais restritivo por um tempo mais prolongado e afirmou que o BC tem o objetivo de perseguir a meta de inflação. “O BC vai perseguir a meta de inflação. Nosso mandato é esse. Vamos colocar a taxa de juros em um patamar suficiente pelo tempo que for necessário para levar a inflação à meta. Não há qualquer tipo de contemporização”, disse.
A meta de inflação é definida anualmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 2025 a taxa é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Na próxima quarta-feira, o Conselho de Política Monetária (Copom), responsável por definir a taxa Selic, vai se reunir para debater se mantém o patamar atual. No entanto, o mercado financeiro espera pela manutenção da taxa até o começo de 2026.
“Com a taxa de juros básica em 15% ao ano, já se observou redução na expansão interanual das concessões reais de crédito de cerca de 10,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2024 para 2,4% no trimestre encerrado em julho”, diz o Boletim Macrofiscal.
Apesar disso, o governo aponta que existem fatores positivos para a atividade, que podem mitigar a desaceleração mais acentuada. “O pagamento de precatórios a partir de julho e o aumento no ritmo de concessões de crédito consignado ao setor privado nos últimos meses devem ajudar a contrabalancear o impacto do aumento do endividamento das famílias no consumo”, afirma a pasta.
Projeções do PIB de 2025
- Expectativa do Mercado (Relatório Focus): 2,19%
- Ipea: 2,4%
- Confederação Nacional da Indústria (CNI): 2,3%
- Ministério da Fazenda (Boletim Macrofiscal): 2,3%
- Banco Central: 2,1%
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Fonte: Metrópoles