*O artigo foi escrito pelo professor de diabetes experimental Craig Beall, da University of Exeter, no Reino Unido, e publicado na plataforma The Conversation Brasil.
A diabetes tipo 5 foi reconhecida pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) como uma forma distinta de diabetes. Apesar do nome, existem mais de uma dúzia de tipos diferentes de diabetes. A classificação não é tão clara quanto a numeração sugere.
Aqui está um guia sobre os diferentes tipos de diabetes, incluindo alguns dos quais você talvez nunca tenha ouvido falar, junto a informações sobre suas causas e como são tratadas.
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Tipo 1
A diabetes tipo 1 é causada pelo sistema imune do corpo, que ataca por engano as células produtoras de insulina no pâncreas. Essa reação autoimune pode ocorrer em qualquer idade, desde a infância até a velhice.
Ela não está relacionada à dieta ou ao estilo de vida. Em vez disso, provavelmente resulta de uma combinação de predisposição genética e fatores ambientais desencadeantes, como infecções virais.
O tratamento envolve terapia com insulina por toda a vida, administrada por meio de injeções ou bombas.
Um pequeno número de pessoas que luta contra baixos níveis de açúcar no sangue, chamado hipoglicemia, pode receber novas células no pâncreas que produzem insulina de doadores falecidos. Para muitas, isso reduz o número de injeções de insulina necessárias. Algumas podem parar de tomar insulina completamente.
Além disso, dezenas de pessoas já receberam transplantes derivados de células-tronco para “curar” sua diabetes de forma eficaz, embora ainda precisem tomar medicamentos imunossupressores fortes. Este tratamento ainda não está amplamente disponível.
Tipo 2
A diabetes tipo 2 é a forma mais comum da doença e está frequentemente associada a um IMC (índice de massa corporal) elevado. No entanto, também pode afetar pessoas com peso normal, especialmente aquelas com uma forte predisposição genética.
Certos grupos étnicos, incluindo do sul da Ásia e pessoas de ascendência africana e caribenha, correm um risco maior, mesmo com massas corporais mais baixas.
Aumentar a produção de insulina pelo organismo pode ajudar a controlar os níveis de açúcar no sangue. Alguns medicamentos aumentam a produção de insulina pelo pâncreas, enquanto outros melhoram a sensibilidade à insulina.
A metformina, por exemplo, é tomada por centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Este medicamento melhora a sensibilidade à insulina e desativa a produção de açúcar pelo fígado.
Existem dezenas de medicamentos diferentes para ajudar a controlar o açúcar no sangue na diabetes tipo 2. Adaptar o tratamento a cada indivíduo tem demonstrado melhorar significativamente os desfechos de saúde.
Mudanças no estilo de vida também podem reverter a diabetes. Isso pode ser feito mantendo uma dieta de baixa caloria, com 800 calorias por dia. Em um estudo, manter essa dieta por 12 meses reverteu a diabetes em 46% das pessoas.
A diabetes é uma doença que tem como principal característica o aumento dos níveis de açúcar no sangue. Grave e, durante boa parte do tempo, silenciosa, ela pode afetar vários órgãos do corpo, tais como: olhos, rins, nervos e coração, quando não tratada
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A diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas
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A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo
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Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal
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A diabetes pode ser dividida em três principais tipos. A tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais
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Já a diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta
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A diabetes gestacional acomete grávidas que, em geral, apresentam histórico familiar da doença. A resistência à insulina ocorre especialmente a partir do segundo trimestre e pode causar complicações para o bebê, como má formação, prematuridade, problemas respiratórios, entre outros
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Além dessas, existem ainda outras formas de desenvolver a doença, apesar de raras. Algumas delas são: devido a doenças no pâncreas, defeito genético, por doenças endócrinas ou por uso de medicamento
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É comum também a utilização do termo pré-diabetes, que indica o aumento considerável de açúcar no sangue, mas não o suficiente para diagnosticar a doença
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Os sintomas da diabetes podem variar dependendo do tipo. No entanto, de forma geral, são: sede intensa, urina em excesso e coceira no corpo. Histórico familiar e obesidade são fatores de risco
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Alguns outros sinais também podem indicar a presença da doença, como saliências ósseas nos pés e insensibilidade na região, visão embaçada, presença frequente de micoses e infecções
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O diagnóstico é feito após exames de rotina, como o teste de glicemia em jejum, que mede a quantidade de glicose no sangue. Os valores de referência são: inferior a 99 mg/dL (normal), entre 100 a 125 mg/dL (pré-diabetes), acima de 126 mg/dL (Diabetes)
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Qualquer que seja o tipo da doença, o principal tratamento é controlar os níveis de glicose. Manter uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios ajudam a manter o peso saudável e os índices glicêmicos e de colesterol sob controle
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Quando a diabetes não é tratada devidamente, os níveis de açúcar no sangue podem ficar elevados por muito tempo e causar sérios problemas ao paciente. Algumas das complicações geradas são surdez, neuropatia, doenças cardiovasculares, retinoplastia e até mesmo depressão
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Diabetes gestacional
Este tipo de diabetes desenvolve-se durante a gravidez, normalmente entre as semanas 24 e 28. É desencadeado por alterações hormonais que reduzem a sensibilidade do corpo à insulina.
Os fatores de risco incluem excesso de peso ou obesidade, histórico familiar de diabetes e ter dado à luz um bebê grande em uma gravidez anterior.
Pessoas de origem do Oriente Médio, sul da Ásia, negra e afro-caribenha também apresentam maior risco de diabetes gestacional. A idade também é um fator, pois a sensibilidade à insulina diminui com a idade. Isso pode ser tratado com dieta e exercícios, comprimidos ou injeções de insulina.
Formas mais raras de diabetes
Existem pelo menos nove subtipos de diabetes que incluem formas genéticas raras, por vezes causadas por uma única alteração genética. Outras podem ser causadas por tratamentos, como cirurgias ou medicamentos, tais como esteroides.
- A diabetes neonatal surge precocemente na vida. Algumas das alterações genéticas afetam a forma como a insulina é libertada pelo pâncreas. Algumas pessoas ainda produzem a sua própria insulina, pelo que podem ser tratadas com comprimidos que ajudam as células do pâncreas a libertar insulina.
- A diabetes do jovem adulto, ou Mody, surge mais tarde na vida e está associada a alterações genéticas. Existem várias alterações genéticas, com algumas afetando a forma como as células do pâncreas detectam o açúcar e outras afetando o desenvolvimento do pâncreas.
- A diabetes tipo 3c é diferente. É causada por danos no pâncreas. Pessoas com câncer pancreático, por exemplo, podem desenvolver diabetes após a remoção de partes do pâncreas. Também pode se desenvolver após pancreatite (inflamação do pâncreas).
- Pessoas com fibrose cística também correm um risco maior de desenvolver diabetes. É a chamada diabetes relacionada à fibrose cística. O risco aumenta com a idade e é muito comum, com cerca de um terço das pessoas com fibrose cística desenvolvendo diabetes aos 40 anos.
Tipo 5
Esta forma recém-designada está relacionada à desnutrição durante a infância. A diabetes tipo 5 é mais comum em países mais pobres. Afeta cerca de 20 a 25 milhões de pessoas em todo o mundo.
Estas pessoas têm baixo peso corporal e falta de insulina. Mas a falta de insulina não é causada pelo sistema imune. Em vez disso, o corpo pode não ter recebido a nutrição correta durante a infância para ajudar o pâncreas a se desenvolver normalmente.
Estudos com roedores mostraram que uma dieta pobre em proteínas durante a gravidez ou a adolescência leva a um desenvolvimento deficiente do pâncreas. Isso é conhecido há muitos anos. Ter um pâncreas menor é um fator de risco para diferentes formas de diabetes. É, essencialmente, ter menos reservas de células produtoras de insulina.
Diabetes é um termo genérico para uma série de condições que resultam em níveis elevados de açúcar no sangue, mas as causas subjacentes variam amplamente. Compreender os tipos específicos de diabetes que uma pessoa tem é crucial para fornecer o tratamento correto.
À medida que a ciência médica evolui, o mesmo ocorre com a classificação da diabetes. Reconhecer a diabetes relacionada à desnutrição como tipo 5 estimulará a discussão. Este é um passo em direção a uma melhor compreensão e cuidados globais – especialmente em países de baixa renda.
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Fonte: Metrópoles