Disfunção erétil deixou de ser tabu? SUS apresenta aumento no tratamento

A disfunção erétil ainda é um assunto sensível entre a população masculina. Entretanto, números mais recentes revelam uma mudança de comportamento: cresce a procura por atendimento médico e por tratamentos ligados à impotência sexual.

O cenário indica como a doença deixa, aos poucos, de ser um tabu e passa a ser encarada como uma questão de saúde como as demais. De acordo com levantamento do Ministério da Saúde feito à pedido da CNN, os procedimentos ambulatoriais realizados em pacientes com impotência de origem orgânica no Sistema Único de Saúde (SUS) quase dobraram nos últimos cinco anos.

Evolução dos casos de disfunção erétil

Como mostra a tabela abaixo, os atendimentos de casos ligados à casos de disfunção erétil cresce desde 2019. A exceção ocorre apenas em 2020, ano em que a pandemia de Covid-19 eclodiu:

  • 2019: 1.015 procedimentos ambulatoriais e 248 procedimentos hospitalares;
  • 2020: 547 procedimentos ambulatoriais e 152 procedimentos hospitalares;
  • 2021: 1.075 procedimentos ambulatoriais e 188 procedimentos hospitalares;
  • 2022: 1.221 procedimentos ambulatoriais e 239 procedimentos hospitalares;
  • 2023: 1.847 procedimentos ambulatoriais e 271 procedimentos hospitalares;
  • 2024: 1.814 procedimentos ambulatoriais e 379 procedimentos hospitalares.

*Os dados se referem ao número de atendimentos, não de pessoas; considera-se que um indivíduo pode ser atendido mais de uma vez.

O que explica o aumento no atendimento de casos de disfunção erétil?

Para o urologista do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE), Rafael Ambar, a tendência de aumento pode se justificar por fatores que englobam o aumento da expectativa de vida, a valorização da qualidade de vida na população idosa e o desejo de se prolongar a atividade sexual na idade mais madura.

“Soma-se a isso, a crescente prevalência da obesidade, da síndrome metabólica e de doenças mentais, que são fatores associados à disfunção erétil”, pontua o médico.

O especialista ainda adiciona a relevância, nos últimos anos, da internet e dos meios de comunicação na disseminação de informações sobre o assunto. “Diminuindo o constrangimento e a resistência que muitos homens tinham em procurar auxílio médico.”

Como identificar a disfunção erétil e buscar ajuda

Mais do que um incômodo na vida sexual, a disfunção erétil pode ser um aviso de que algo mais sério está acontecendo no organismo. Definido como a incapacidade de manter ou atingir a ereção, o quadro atinge cerca de 50% dos brasileiros com mais de 40 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). De acordo com Ambar, a impotência tem como principal fator de risco problemas circulatórios.

Ele lembra que as artérias do pênis são menores que as do coração, o que faz com que os sintomas apareçam antes.

Os sintomas incluem, além da dificuldade de ereção, problemas de ejaculação e orgasmo. “Os sinais costumam se manifestar de dois a cinco anos antes dos relacionados ao coração, como infarto, por exemplo. Estudos apontam que homens portadores de disfunção apresentam risco até 1,6 vezes maior de desenvolver doença coronariana”, acrescenta.

Outros fatores que potencializam os risco de impotência são: colesterol alto, pressão alta, diabetes, obesidade e tabagismo.

“Contribuem para a piora destes fatores de risco a rotina exaustiva, o padrão alimentar rica em alimentos ultraprocessados, gordura saturada e açúcar, a adoção de um estilo de vida mais sedentário, o consumo de álcool e outras drogas. Homens sedentários apresentam até 70% mais risco de desenvolver o quadro em comparação com os que são ativos”, afirma.

Além da saúde física, aspectos emocionais também desempenham papel central. “É crucial ressaltar o papel da saúde mental na sexualidade e na disfunção erétil. Fatores como a depressão, ansiedade, estresse, problemas de relacionamento e o uso de medicações (antidepressivos e ansiolíticos) podem estar relacionados à disfunção erétil psicogênica — o que corresponde a aproximadamente 75% dos casos quando avaliados homens de até 45 anos”, completa.

Apesar de menor, o estigma persiste

Mesmo com avanços e com o aumento dos procedimentos, como bem demonstram os dados apresentados, a disfunção erétil ainda carrega preconceitos que dificultam a busca por ajuda médica.

Isso acontece porque o papel social que o homem moderno ainda precisa desempenhar, na visão de Ambar, associa-se, de maneira equivocada, à função erétil e ao desempenho sexual.

“O homem moderno, com frequência, ainda se sente sujeito à cobrança por manter um perfil másculo, forte e viril (…) Isso faz com que a disfunção erétil seja encarada como um fracasso pessoal, motivo de vergonha e, até mesmo, levando a sintomas depressivos em alguns casos”, explica o urologista.

Segundo ele, mudanças sociais e o apoio das(os) parcerias(os) são mecanismos que ajudam a reduzir esse estigma. Mas, para muitos, expor a situação a um médico ainda é um momento desafiador.

Como é feito o tratamento

O processo é amplo e envolve desde mudanças de hábitos até procedimentos cirúrgicos, dependendo da gravidade de cada caso.

“O primeiro passo é orientar o paciente sobre a importância do estilo de vida, como a prática regular de atividade física, a alimentação saudável, a cessação de tabagismo e a diminuição do estresse”, afirma Ambar.

Neste primeiro momento, o médica ainda aponta a possibilidade de se indicar sessões de psicoterapia com um profissional habilitado na área

Se necessário, podem ser prescritos medicamentos por via oral, que podem ser usados diariamente ou apenas sob demanda. “Elas costumam ser bastante efetivas, apresentando baixa incidência de efeitos colaterais”, ressalta.

Quando não há resposta, é possível recorrer a injeções aplicadas diretamente no pênis antes da relação sexual. E, em último caso, ao implante de prótese peniana, que oferece uma solução definitiva.

O importante é não ignorar os sinais e procurar um médico ao perceber dificuldades persistentes de ereção.

“A disfunção erétil afeta diretamente a autoconfiança e a qualidade de vida de aproximadamente 100 milhões de homens no mundo inteiro. Tratá-la vai muito além da esfera sexual: envolve qualidade de vida, saúde mental, resgate de relacionamentos e prevenção de doenças”, conclui Ambar.

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