“Dormiu e não acordou mais”, diz mãe de menina que morreu 1h após alta

A Justiça inglesa concluiu, nesta semana, o inquérito que investigava a morte da pequena Shen’iyah Green, de seis anos. A criança faleceu menos de uma hora após receber alta de um hospital em Londres, em janeiro de 2019. Os médicos a diagnosticaram com gastroenterite sem considerar que os sinais podiam ser relacionados à anemia falciforme que constava em seus registros.

A menina apresentou febre, vômito, dor na perna direita e falta de ar. A mãe, Shanieka, que é enfermeira, insistiu por exames adicionais e destacou o histórico da filha, mas a equipe reforçou que a criança estava “absolutamente bem” e autorizou a alta no fim da tarde.

Pouco depois, Shen’iyah adormeceu no carro e não despertou mais. A mãe tentou reanimação e paramédicos tentaram salvar a menina por cerca de uma hora. Ela foi declarada morta às 20h, menos de uma hora após sair do hospital.

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Anemia falciforme ignorada

O inquérito concluiu que houve negligência no atendimento. O hospital não coletou amostra de sangue, não registrou a causa da dor abdominal e não manteve a criança em observação apesar da insistência da mãe, que chamou atenção várias vezes para o diagnóstico de anemia que constava no prontuário.

A morte foi causada por sequestro esplênico, uma complicação conhecida da anemia falciforme em que as células falciformes bloqueiam os vasos do baço, fazendo com que o órgão aumente de tamanho devido ao acúmulo de sangue. Isso provoca queda rápida da quantidade de sangue circulante.

Um relatório interno do hospital apontou que as observações feitas em Shen’iyah “não estavam completamente dentro dos limites normais” e que a alta não poderia ter sido assinada. A mãe da menina diz ter sido ignorada pelos médicos.

“Ela recebeu alta apesar de ter anemia falciforme, baixos níveis de oxigênio, cãibras nas pernas, batimentos cardíacos irregulares e até ter desmaiado enquanto estava sob os cuidados do hospital. Minha filha tinha toda a vida pela frente e sonhava em ser médica. Conhecia ela e não fui ouvida em nenhum momento”, afirma Shanieka em uma campanha de arrecadação de fundos.

Após a morte, o Royal Free London NHS Foundation Trust reconheceu falhas no atendimento e pediu desculpas. O porta-voz afirmou que medidas foram adotadas para fortalecer o protocolo de recepção de pacientes com anemia falciforme.

Segundo o comunicado, todos os pacientes pediátricos com a condição agora fazem hemograma completo e são observadas detalhadamente antes da alta. O objetivo é garantir que complicações raras, mas graves, sejam detectadas a tempo.

Shanieka espera evitar que outras pessoas passem pela mesma experiência. “As famílias precisam ser ouvidas e as crianças devem receber o cuidado adequado, especialmente quando há doenças específicas que exigem atenção. Não quero que ninguém mais sofra dessa forma”, afirma em entrevista ao The Sun.

A anemia falciforme

A anemia falciforme é uma doença genética que altera os glóbulos vermelhos do sangue, também chamadas de hemácias. Responsáveis por transportar o oxigênio, elas tem um formato semelhante ao de uma bacia. Nas pessoas com a doença, as células têm formato de foice, o que impede o oxigênio de ser transportado corretamente.

No Brasil, 1 a cada 650 nascidos vive com a condição, que é especialmente frequente em pessoas com ascendência negra.

Além das crises dolorosas e da anemia crônica, a enfermidade pode desencadear complicações graves por conta de suas obstruções. “As hemácias em forma de foice, características da doença falciforme, obstruem os pequenos vasos sanguíneos, comprometendo a irrigação. Nos ossos, por exemplo, isso pode causar necrose, provocando dores intensas e até deformidades graves”, explica o hematologista Rafael Alencar, da Rede Oto, em Fortaleza.

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Fonte: Metrópoles

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