No ato organizado por movimentos de esquerda contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem e o PL da Anistia, em Brasília, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou que o Brasil resiste a ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e criticou o que chamou de “pauta golpista” do Congresso.
Em seu discurso, o ex-ministro do governo Lula chegou a citar a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está em território norte-americano desde o início do ano. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem se articulado junto a figuras próximas à Casa Branca.
“O Brasil soberano que resiste ao ataque do [Donald] Trump, enquanto o filho do Bolsonaro está lá contra o Brasil”, afirmou Paulo Pimenta.
O ex-ministro também destacou a ausência da bandeira norte-americana entre os manifestantes em Brasília. No ato pró-anistia organizado pela direita no 7 de setembro, apoiadores de Bolsonaro estenderam a bandeira dos Estados Unidos.
“Os nossos atos são bonitos, são coloridos, tem bandeiras de quase todas as cores, só não tem bandeira dos EUA”, disse.
Pimenta ainda fez críticas à tramitação das matérias encabeçadas pela oposição as quais são alvo de críticas da manifestação.
“O Congresso Nacional não pode ser refém dessa pauta golpista, dessa PEC da Blindagem e do PL da Anistia”, afirmou.
O deputado petista defendeu a aprovação do projeto que amplia a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e o fim da escala 6×1, proposta que sugere a redução da jornada máxima de trabalho semanal.
O deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também participou do ato em Brasília durante a manhã. Em seu discurso, o congressista criticou a aprovação do voto secreto na análise de abertura de processos criminais contra parlamentares. O trecho foi reincluído na PEC da Blindagem durante votação na Câmara.
“Se isso perdurar, isso vai significar um estímulo para o crime organizado que está dentro do Congresso Nacional”, disse Rollemberg.
Na avaliação de Rollemberg, os congressistas que votaram a favor da proposta estão com “medo” de serem investigados.
“O que a gente sabe, inclusive aqui no DF, e não é um ou dois não, tem muitos parlamentares, ex-parlamentar, que faz esquema com as emendas parlamentares e querem agora serem blindados por essa PEC”, afirmou Rollemberg.
Atos pelo Brasil
Além de Brasília, também estão previstas manifestações em Salvador, Belo Horizonte, Maceió, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, entre outras cidades. Os atos começaram a ser articulados em meio ao avanço da PEC da Blindagem e do PL da Anista na Câmara.
Ambos os projetos avançaram em paralelo, com apoio de partidos do centrão, em meio às insatisfações de deputados com a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre emendas parlamentares e processos que miram o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) — recentemente condenado por golpe de Estado pela Suprema Corte.
No Senado, a PEC da Blindagem deve tramitar sem urgência e ser apreciada inicialmente pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). No colegiado, a proposta já enfrenta resistências do próprio relator Alessandro Vieira (PSD-SE), que já sinalizou que seu parecer deve ser desfavorável a proposta aprovada pelos deputados.
Por outro lado, o relator do PL da Anistia, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), tem articulado para transformar o projeto em um instrumento de redução de penas para condenados de atos antidemocráticos. A proposta mais “light” que tem gerado críticas entre parlamentares de direita, que defendem uma anistia ampla, geral e irrestrita.