Especialista detalha guerra da indústria do futebol para segurar o torcedor

Durante entrevista ao CNN Esportes S/A deste domingo (14), Gustavo Verginelli, COO da Sportheca, analisou os desafios que os clubes enfrentam diante das mudanças no consumo de entretenimento.

Segundo o especialista em inovação no esporte, o problema é maior e mais complexo do que o imaginado por parte dos times.

A disputa, na verdade, não ocorre dentro do esporte predileto dos brasileiros, mas sim com novas modalidades que chamam a atenção do público.

Entendo que essa guerra não é travada dentro da indústria do futebol; ela é travada com as outras opções de entretenimento. Então, essa é a guerra que os clubes já estão travando. Talvez a maioria ainda não tenha percebido, mas já estão travando e vai ficar cada vez mais latente.


Gustavo Verginelli, COO da Sportheca

Verginelli comparou a disputa pela atenção dos torcedores ao que ocorre no mercado de streaming.

Ele lembrou que a Netflix, em relatório a investidores, apontou o videogame Fortnite como concorrente mais preocupante que outras plataformas do setor.

“Se o hábito de consumo de futebol – seja conteúdo, seja prática, seja jogo, não importa o que for – continuar estabelecido e evoluir, beleza, não vai ter problema para dividir os torcedores, porque, como eu falei, os torcedores já têm o caminho deles. (…) Agora, se esse hábito começar a perder espaço para outros consumos, aí é que está o problema. Porque isso hoje vem de todos os lugares e de empresas e indústrias muito mais maduras do ponto de vista de tecnologia”, ressaltou Gustavo.

Fortaleza como exemplo

O especialista destacou o Fortaleza como referência em inovação na relação com o torcedor.

“Vou até citar um clube que merece muito ser citado: o Fortaleza, porque ele entendeu que tinha que usar outras armas para brigar no mesmo lugar. A gente fez – faz – um trabalho muito legal no Fortaleza, mas me lembro bem do começo, quando Rogério Ceni ainda era o treinador do Fortaleza e Marcelo Paz, o atual CEO da SAF, era o presidente”, contou o COO.

Verginelli relatou uma reunião que exemplifica essa estratégia e aproveitou para elogiar a postura de Rogério Ceni, técnico do Leão na época.

Vou confidenciar uma reunião que a gente fez. Estávamos em uma conversa com Rogério Ceni e estávamos apresentando a lógica de entretenimento para o Leão (como eles se chamam lá, no Fortaleza). Eu falei: ‘(…) Vou precisar muito da sua ajuda’. Daí ele falou: ‘Isso vai trazer receita para o Fortaleza?’. Falei: ‘Vai’. E ele: ‘Então a gente vai dar um jeito’.


Gustavo Verginelli, COO da Sportheca

Diálogo e experiência do torcedor

Para Verginelli, a forma como jogadores, técnicos e clubes se relacionam com o público também precisa evoluir.

“Acho que tudo é diálogo”, disse.

Ele destacou que parte dos profissionais ainda não percebeu o papel do entretenimento dentro do futebol.

“Acho que a indústria, como um todo, precisa pensar que aquilo é uma diversão, que aquilo é entretenimento e que, quando não ganha, é chato, mas tudo bem, acontece. Vamos batalhar para na próxima a gente tentar ganhar. E acho que é por isso que eles estão sempre no modo de defesa”, afirmou.

Segundo o especialista, times como o Fortaleza se diferenciam também pela postura de suas torcidas.

O Fortaleza consegue quebrar um pouco isso. A própria torcida é muito mais bem-humorada; eles brincam, o mosaico é maravilhoso. É uma coisa mais lúdica e bem menos bélica do que aqui no eixo Rio-São Paulo, onde às vezes o jogo parece meio bélico. Se for parar para pensar, o futebol foi feito para as pessoas se divertirem.


Gustavo Verginelli, COO da Sportheca

CNN Esportes S/A

Com Gustavo Verginelli, COO da Sportheca, o CNN Esportes S/A chega à 108ª edição. Apresentado por João Vitor Xavier, o programa aborda os bastidores de um mercado que movimenta bilhões e é um dos mais lucrativos do mundo: o esporte.

Em pauta, os assuntos mais quentes da indústria do mundo da bola, na perspectiva de economia e negócios.

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