Joelho travado? Dor pode ser sinal precoce de artrose

A dor no joelho é uma das queixas mais comuns nos consultórios ortopédicos. Embora muitas vezes seja atribuída ao envelhecimento natural ou ao excesso de esforço, é fundamental reconhecer quando esse incômodo sinaliza algo mais sério: o início de um processo degenerativo, como a artrose de joelho.

Diferenças entre dores comuns e artrose

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 250 milhões de pessoas no mundo vivem com artrose — e o joelho é uma das articulações mais frequentemente acometidas. Identificar os sintomas precocemente e conhecer as opções de tratamento disponíveis é essencial para preservar a qualidade de vida e evitar a progressão da doença.

É normal sentir dor muscular ou articular após esforço físico intenso, mudanças de treino ou períodos prolongados em pé. No entanto, na artrose, a dor tende a seguir um padrão diferente.

Alguns sinais de alerta merecem atenção:

  • Dor no joelho que piora ao final do dia ou após atividades simples, como subir escadas;
  • Sensação de rigidez ao acordar, que melhora com o movimento;
  • Inchaço frequente ou sensação de calor local;
  • Estalos, crepitações ou perda de mobilidade;
  • Diminuição progressiva da capacidade de caminhar ou praticar atividades cotidianas.

Esses sintomas estão relacionados à degeneração da cartilagem articular, um tecido que recobre os ossos e permite o movimento suave da articulação. Com o tempo, essa cartilagem se desgasta, provocando atrito, inflamação e dor.

Ao contrário do que muitos pensam, a artrose não é exclusividade de idosos. Ela também pode ocorrer em pessoas mais jovens, especialmente em casos de lesões prévias, sobrepeso, desalinhamentos nos membros inferiores ou histórico familiar da doença.

Opções atuais de tratamento e avanços médicos

Por muito tempo, o tratamento da artrose se limitou ao uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Embora esses medicamentos tenham papel importante no controle da dor, não atuam na causa da doença e seu uso prolongado pode trazer efeitos colaterais.

Hoje, a medicina ortopédica dispõe de recursos modernos e eficazes que promovem alívio dos sintomas, melhora da função e, em muitos casos, desaceleração da progressão da artrose:

Fisioterapia especializada

Programas de fortalecimento muscular, reeducação postural e mobilidade articular têm papel central no tratamento. A musculatura bem condicionada atua como estabilizadora do joelho, reduzindo a sobrecarga na articulação.

Terapias regenerativas

Tratamentos com ácido hialurônico intra-articular (viscossuplementação), plasma rico em plaquetas (PRP) e outros agentes biológicos têm demonstrado resultados positivos na regeneração da cartilagem e modulação da inflamação. Estudos publicados no American Journal of Sports Medicine mostram melhora significativa da dor e da função em pacientes submetidos à viscossuplementação, especialmente nas fases iniciais da artrose.

Tecnologias não invasivas

Terapias como ondas de choque extracorpóreas e laser de alta intensidade promovem estímulo celular, redução da inflamação e melhora da dor de forma não medicamentosa. São excelentes opções para quem busca alívio sem recorrer a medicamentos contínuos.

Suplementação direcionada

O uso de colágeno tipo II não desnaturado, curcumina, vitamina D e outros ativos pode auxiliar na saúde articular quando orientado corretamente. Embora não substituam o tratamento clínico, atuam de forma complementar.

Essas abordagens modernas são indicadas conforme a gravidade do quadro, sempre com base em exames clínicos e de imagem.

O papel da cirurgia nos casos avançados

A cirurgia de artroplastia total do joelho (prótese) é uma opção segura e altamente eficaz para casos avançados de artrose, especialmente quando os tratamentos conservadores não trazem mais alívio.

O momento ideal para considerar a cirurgia varia de paciente para paciente, mas alguns critérios ajudam na decisão:

  • Dor persistente que interfere significativamente na qualidade de vida;
  • Comprometimento funcional importante (dificuldade para andar, levantar-se ou dormir);
  • Artrose avançada confirmada por exames de imagem;
  • Falha dos tratamentos clínicos e fisioterapêuticos.

A boa notícia é que, com o avanço das técnicas cirúrgicas e dos materiais, a artroplastia total de joelho tem apresentado excelentes resultados em termos de durabilidade e retorno funcional. Muitos pacientes relatam retomada plena das atividades e melhora marcante na autonomia e no bem-estar.

A artrose de joelho não precisa ser sinônimo de limitação ou sofrimento. Com diagnóstico precoce, orientação adequada e tratamento personalizado, é possível manter a articulação saudável por muitos anos — ou, nos casos avançados, recorrer a soluções cirúrgicas que transformam a vida do paciente.

Na prática clínica, vejo diariamente o impacto positivo que uma abordagem multidisciplinar pode proporcionar. Cuidar dos joelhos é cuidar da base que sustenta nossos passos e nossa liberdade de ir e vir.

*Texto escrito pela ortopedista Marina Melhado (CRM/SP 179.632 | RQE 121.033), membro da Brazil Health

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