O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (5) que não há um “alinhamento” entre Brasil e China, mas sim uma relação comercial.
“Não tem alinhamento do Brasil com a China”, disse Lula em entrevista ao “SBT Brasil”.
“O Brasil produz, quer vender seus produtos, e a gente vende pra quem quer comprar”, prosseguiu.
O petista comentava também a recente relação turbulenta com os Estados Unidos em meio ao tarifaço provocado pelo governo de Donald Trump. Parte das exportações de produtos brasileiros enviados aos EUA recebem agora uma taxação total de 50%.
Uma das justificativas citadas por Trump era uma relação comercial “desequilibrada” entre os dois países, que não seria benéfica à nação norte-americana.
Lula, por sua vez, comparou as balanças comerciais entre Brasil-EUA e Brasil-China.
“O comércio do Brasil e China hoje é o dobro do comércio com os EUA. Com uma diferença: com a China, o Brasil é superavitário, com os EUA, é deficitário”, declarou o chefe do Executivo.
O assessor especial de Lula, Celso Amorim, esteve presente ainda nesta semana no desfile militar que exibiu o novo arsenal chinês. De acordo com comunicado emitido por Pequim, o ex-chanceler brasileiro discutiu o multilateralismo e o fortalecimento do Sul Global com o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi.
Celso Amorim entregou uma carta de Lula a Xi Jinping, parabenizando pelas celebrações do “Dia da Vitória”. Ele também teve uma breve conversa com o presidente chinês enquanto caminhavam para a recepção do evento.
Ainda em agosto, o presidente Lula ligou para Xi. Segundo o Palácio do Planalto, ambos tiveram uma conversa sobre “parceria bilateral” e “novos negócios”. A ligação durou cerca de uma hora.
O Brasil assinou, em julho deste ano, no Rio de Janeiro, um memorando de cooperação com a China e a Rússia evolvendo, por exemplo, “sinergias estratégias” e as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a NIB (Nova Indústria Brasil), o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana e a Iniciativa Cinturão e Rota.
Em maio, Lula viajou à China e assinou cerca de 36 acordos com empresas no país asiático. O movimento incluiu o setor farmacêutico, o de automóveis, com a montadora GWM, e o de delivery, com a companhia Meituan, que desembarca no Brasil para concorrer com o iFood.