O professor de português Róbson Cosme Lopes da Silva, de 48 anos, morador de Luziânia (GO), viu sua rotina mudar de forma brusca em 16 de junho, quando recebeu o diagnóstico de câncer de língua. Apaixonado por lecionar, ele precisou de afastar da sala de aula para enfrentar a doença.
Em maio, o professor percebeu uma ferida na língua, causada pela prótese dentária, que se formou e não se cicatrizou. Duas semanas depois, Róbson procurou um médico — o profissional desconfiou do machucado e pediu uma biópsia da língua. O resultado acusou o câncer na língua.
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“É desesperador, mas logo depois você se conforma e aceita o seu destino”, escreve Róbson, que hoje só consegue se comunicar por escrito. Ele conseguiu passar pela cirurgia de retirada do tumor na última semana e está com a língua embolada e costurada.
Cirurgia e tratamento
Durante o procedimento, parte da língua e as amígdalas foram retiradas, o que dificulta a fala e a alimentação. Atualmente, o professor depende de sonda para se alimentar, com custo semanal de R$ 1 mil.
“O mais difícil tem sido manter o tratamento, manter a minha casa e não poder me alimentar normalmente”, relata. Apesar disso, mantém a esperança: “Acredito que estou curado graças aos pensamentos positivos que recebi até aqui.”
Segundo o oncologista André Prestes, da Santa Casa de São José dos Campos, o câncer de língua ocorre quando células crescem de forma desordenada, podendo se espalhar para linfonodos do pescoço e, em casos mais graves, para órgãos como o pulmão.
“Os principais sinais de alerta são feridas que não cicatrizam em mais de duas ou três semanas, dor, sangramento, mau hálito e dificuldade para falar ou engolir. Diante desses sintomas, é fundamental procurar atendimento”, afirma.
O especialista reforça que os fatores de risco mais comuns são o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e a infecção pelo HPV. A prevenção passa pelo abandono do cigarro e do álcool, manutenção da higiene oral e pela vacinação contra o HPV.
Sintomas que podem indicar câncer de língua
- Feridas que não cicatrizam após duas ou três semanas.
- Dor persistente na língua ou boca.
- Sangramento sem causa aparente.
- Mau hálito constante.
- Dificuldade para engolir ou falar
A notícia abalou o dia a dia da família, mas o professor, que leciona em escolas públicas no entorno do Distrito Federal, diz que encontrou força em sua esposa, filhos e, principalmente, em seus alunos e ex-alunos.
Uma campanha de arrecadação organizada pela comunidade escolar tem garantido parte do tratamento e também o sustento da família de Róbson. “O que vou guardar dessa trajetória é o carinho que recebi dos amigos atuais, de infância, ex-alunos, alunos e coordenadores. Isso tem me sustentado”, conta.
Ele confessa sentir falta de estar em sala de aula e planeja voltar a dar aulas o mais rápido possível quando se recuperar. Também sonha em criar uma ONG para ajudar pessoas que enfrentam desafios semelhantes.
Apesar das dificuldades, Róbson se mantém firme diante da situação e diz que quer ser lembrado pela coragem e pelo amor à profissão. Sua maior meta é voltar às salas de aula.
“O que eu digo para as pessoas que passam por algo semelhante é que não se desesperem. Entregue sua vida a Deus e deixe que tudo aconteça conforme a vontade dele, que tudo acontecerá”, afirma.
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Fonte: Metrópoles