Em um cenário global marcado por crescente instabilidade, as empresas brasileiras precisam desenvolver e manter suas próprias redes de relações internacionais, sem depender exclusivamente dos canais governamentais. Esta é a análise de Roberto Azevêdo, durante o WW, que destaca a necessidade de uma nova abordagem na forma como as companhias lidam com desafios internacionais.
Segundo Azevêdo, o ambiente de negócios atual experimenta uma imprevisibilidade sem precedentes, onde os canais diplomáticos tradicionais podem ser interrompidos a qualquer momento por questões geopolíticas ou sanções econômicas. “Com frequência os canais diplomáticos são interrompidos por questões geopolíticas, por sanções econômicas, às vezes não contra o Brasil, às vezes contra um parceiro que faz parte da sua cadeia de consumo”, explica.
Nova realidade empresarial
A mudança de paradigma é significativa. Se no passado as empresas podiam confiar no suporte governamental para resolver crises e ultrapassar barreiras comerciais, hoje essa não é mais uma garantia. A recomendação é que as organizações mantenham relações ativas e constantes com seus principais mercados, sejam eles nos Estados Unidos, Europa, Japão ou China.
Azevêdo enfatiza que essa diplomacia empresarial deve ser ampla e diversificada. “Ela não pode estar limitada apenas aos tomadores de decisão, ela tem que incluir os seus parceiros comerciais, o seu cliente, o seu supridor, quem está na cadeia de valor, think tanks, meio acadêmico”, ressalta. Essa abrangência é fundamental porque, segundo ele, nunca se sabe qual canal poderá proporcionar acesso aos tomadores de decisão de determinado país.
A manutenção desses relacionamentos deve ser constante e preventiva, não apenas reativa. As empresas não podem esperar o momento de crise para começar a estabelecer conexões necessárias para defender seus interesses, sendo fundamental manter esses canais permanentemente ativos e prontos para uso quando necessário.