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Rota do crime: o que se sabe da logística de execução de ex-delegado em SP

Rota do crime: o que se sabe da logística de execução de ex-delegado em SP

O assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, em Praia Grande (SP) na última segunda-feira (15), foi uma execução planejada e de alta complexidade, que envolveu uma perseguição em alta velocidade e terminou em mais de 20 disparos de fuzil.

Veja: quem era Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado inimigo do PCC executado em SP

As investigações já identificaram quatro suspeitos e rastrearam a complexa dinâmica logística utilizada pelos criminosos na fuga e no descarte de armamentos, confirmando o envolvimento do crime organizado.

Segundo as autoridades, a ação demonstrou conhecimento técnico e tático. Após o veículo de Fontes colidir com um ônibus na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, três criminosos desceram do carro.

Um deles se manteve em “contenção” com um fuzil em punho, tática que revela conhecimento de combate para evitar surpresas, enquanto os outros dois executaram o ex-delegado dentro do carro capotado.

Logística do crime

O trabalho de inteligência policial desvendou a logística do crime, que incluiu o uso de dois veículos roubados na capital: um Toyota Hilux, que foi incendiado para eliminar vestígios, e um Jeep Renegade, abandonado ligado, cujo material pericial levou à identificação dos suspeitos.

Os indícios apontam que a quadrilha inclui membros do PCC (Primeiro Comando da Capital). A Polícia Civil identificou dois suspeitos de participarem diretamente da execução: Flavio Henrique Ferreira de Souza e Felipe Avelino da Silva, conhecido como “Mascherano”. Mascherano é conhecido por exercer a função de “disciplina” no PCC na região do ABC.

Além deles, foi preso nesta sexta-feira (19) o traficante Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como “Fofão”, também apontado como membro do PCC. Ele não estaria diretamente envolvido na operação criminosa de execução do ex-delegado-geral, mas teria conhecimento de todo o plano.

Além dos executores, o inquérito identificou o papel crucial na logística do armamento de outros dois envolvidos. Dahesly Oliveira Pires foi presa temporariamente por ter recebido a missão de buscar um dos fuzis utilizados no assassinato.

Segundo a delegada Ivalda Leixo, Dahesly se deslocou até Praia Grande para pegar o armamento, referido por ela como “um pacote”, e o transportou de volta para Diadema, na Grande São Paulo. No local, ela entregou o fuzil para um indivíduo que a havia contratado.

O quarto suspeito, Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, teve a prisão temporária decretada após ser apontado por organizar o transporte da arma de fogo.

Dahesly recebeu o pagamento via Pix, transferido de uma conta em nome do filho de 10 anos de Luiz Antônio. Luiz Antônio também foi flagrado dirigindo o carro usado na perseguição dias antes do ataque.

Veja: quem são os suspeitos de envolvimento na execução de ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo


Ex-delegado executado: polícia identificou quatro suspeitos • Reprodução/CNN

Contexto do crime

A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, em Praia Grande (SP), é classificada pelas autoridades como um crime bárbaro” e “covarde”. Uma força-tarefa com mais de 100 policiais da ROTA, Garra e Gaeco foi mobilizada para a Baixada Santista.

Premonição e jurado por PCC: entenda contexto de execução de delegado em SP

Ruy Ferraz Fontes, que atualmente ocupava o cargo de secretário de Administração em Praia Grande, era um inimigo notório do PCC e era jurado de morte desde 2006.

Sua trajetória incluiu o pioneirismo no mapeamento do PCC e o indiciamento de toda a cúpula da facção, incluindo Marcola. A investigação trabalha com a provável hipótese de vingança ligada ao histórico do delegado, mas também averigua possíveis motivações relacionadas à sua atuação na prefeitura, como licitações ou contratos.

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