Roupas, hotéis, museus: por dentro do império bilionário de Giorgio Armani

Até soprar as velas de seu 40º aniversário, Giorgio Armani (91) ainda não imaginava o que lhe havia reservado o destino.

O estilista italiano, que morreu nesta quinta-feira (4), deixa um império empresarial global, uma fortuna pessoal estimada pela Forbes em US$ 12,1 bilhões (R$ 65 bi) e um legado imortal na alfaiataria contemporânea.

Mas, nos anos 1970, tudo isso não passava de um sonho febril de um homem de meia-idade, ex-estudante de medicina e vitrinista de uma loja de departamento em Milão.

Foi um empurrão de seu parceiro, Sergio Galeotti, que fez Giorgio vender seu Fusca em 1975 e financiar uma startup que, hoje, é uma das principais marcas do universo da moda.

O mundo de Armani

Fundada há 50 anos, a Armani é conhecida pelo seu portfólio integralizado, um modelo conhecido por especialistas como lifestyle brand (marca de estilo de vida, na tradução do inglês).

Isso signfica que a Armani busca, em si, oferecer uma experiência completa de vida ao cliente. Isso implica ser muito mais do que um nome em um frasco de perfume.

Com seu guarda-chuva amplo de roupas, cheiros, maquiagens e acessórios, o consumidor pode desfilar com os produtos da marca em restaurantes, hotéis, resorts e museus idealizados pela mesma mente.

A afirmação não é hiperbólica: até seu último suspiro, o ragazzi seguia não somente como diretor criativo, mas também CEO e único acionista de seu império complexo e multifacetado.

Em sua última entrevista, concedida ao Financial Times, Armani reconheceu sua obsessão com controle como “sua maior fraqueza”. Fato é: no cenário atual das marcas de luxo, dominado por conglomerados como a LVMH, dona da Louis Vuitton, e Kering, da Gucci, Armani foi um dos poucos estilistas a não renunciar dele.

Hierarquização de produtos

O modelo de negócios da Armani não foi apenas revolucionário pelo leque de produtos, mas pela amplitude de preços.

Em suas marcas de roupa — às grifes como Armani Privé e Colezzioni, a nomes mais acessíveis como Armani Exchange, Jeans e Sportwear — o bilionário construiu um dossiê de produtos mirando diferentes setores do mercado consumidor.

Em entrevista ao canal Business of Fashion, em 2015, o estilista italiano explicou que o objetivo da marca era construir uma história, um estilo, uma qualidade e faixa de preços específica.

“Nós também criamos uma sinergia entre as equipes para economizarmos tempo e dinheiro, desenvolvendo áreas e serviços que conversam com todas as linhas da marca”, afirmou.

Portfólio da marca

Apesar de ter sido reduzida em 2017 (parte de um processo de reorganização global), a Armani ainda acumula uma série de negócios, que renderam US$ 2,6 bilhões (R$ 14 bi) em vendas no ano passado — valor recorde para a marca. Confira a lista dos principais nomes da grife:

Giorgio Armani

Coleção de alta costura da marca, e sua linha principal. Oferece serviços sob medida a “clientes seletos”, e inclui ternos e acessórios de grife.

Emporio Armani


Modelos desfilam na passarela do desfile de moda Emporio Armani durante a Semana de Moda Masculina Outono/Inverno 2025-2026 de Milão em 18 de janeiro de 2025 em Milão, Itália • Vittorio Zunino Celotto/Getty Images

Lançada nos anos 1980, é a linha contemporânea da grife. Tem roupas prontas para uso, acessórios, e peças para adolescentes e jovens adultos.

Armani Exchange (A|X)

Sua linha mais acessível, criada em 1991. A ideia da linha é apresentar traços que se aproximem do streetwear, idealizado para adolescentes e jovens adultos.

Armani/Silos


Parte da coleção do Museu de Armani • Reprodução/ Armani

É o museu de arte da moda da Armani, localizada em Milão, na Itália. Possui três andares com mais de 400 modelos de roupa em sua exposição.

Armani/Casa


Casa composta por produtos da Armani em Londres • Reprodução/ Armani

Lançada em 2000, é a divisão de design e produtos de casa da Armani. Além de vender móveis, acessórios, tecidos e outros artigos de luxo, ela também oferece serviço de design de interiores.

Armani Beauty

Nascida a partir de uma parceria com a L’Oreal, nos anos 1980, é a marca de produtos de beleza, perfumes e cuidados de pele da Armani.

Armani/Fiori


Arranjo da Armani/Fiori • Divulgação/ Armani

Lançada nos anos 2000, é um ramo do universo Armani que lida com flores, decoração floral e objetos de decoração.

Ristorante e caffè


Restaurante de Armani em Tóquio • Max Montingelli/ Divulgação

Em 1998, Armani abriu seu primeiro restaurante em Paris. Desde então, a marca conta com mais de 20 estabelecimentos em cidades da Itália, Japão, França, Alemanha e Dubai.

Segundo a marca, os cardápios são diversificados, adaptados para atender à clientela local e aos contextos de cada local. As amplitude de produtos também é válida aqui: os espaços oferecem opções simples e mais requintadas.

Hotéis e resorts


• Divulgação/ Armani

A marca possui dois hotéis: um no centro histórico de Milão; outro no Burj Khalifa, em Dubai. De acordo com a marca, a ideia é inaugurar um novo hotel até 2030 na Arábia Saudita.

EA7 Emporio Armani Milan

Mais conhecido como Olimpia Mliano, o time de basquete foi comprado por Armani em 2008.

Après moi, le déluge

Depois de mim, o dilúvio. A notória frase de Luís XV — um prenúncio ao caos que sucederia sua saída do trono da França — vem à mente ao avaliar falas de Armani sobre o futuro da empresa.

Ele levou à risca sua promessa: “enquanto estiver aqui, estarei aqui”. Apesar de admitir que a Armani está cheia de colaboradores qualificados, pessoas que o estilista treinou e ajudou a desenvolver enquanto pensava em seu plano de sucessão.

Em junho, pela primeira vez em cinco décadas, Armani não compareceu aos desfiles da Semana de Moda de Milão, deixando seu braço direito, Leo Dell’Orco, assumir as apresentações. “Meus planos de sucessão consistem em uma transição gradual das responsabilidades que sempre assumi para aqueles mais próximos a mim”, afirmou ao FT.

“Quero que a sucessão seja orgânica e não um momento de ruptura.” Por ora, o futuro da empresa (e do mundo da moda) sem o estilista parecem difícieis de imaginar.

*Publicado por Sofia Kercher, em colaboração para a CNN, em São Paulo

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