Nos Estados Unidos, enquanto a notícia da suspensão do talk show do apresentador Jimmy Kimmel estava sendo divulgada, os famosos convidados para o episódio de quarta-feira (17) já estavam a caminho do Teatro El Capitan, em Hollywood, onde o “Jimmy Kimmel Live!” é gravado, disseram fontes à CNN.
A decisão repentina de tirar o programa do ar ocorreu horas depois que uma autoridade ligada ao governo do presidente Donald Trump ameaçou revogar licenças da emissora ABC.
O presidente da FCC (Comissão Federal de Comunicações), Brendan Carr, disse em um podcast que poderia revogar as licenças das afiliadas da ABC como uma forma de forçar a Disney, empresa controladora da ABC, a punir Kimmel pelos comentários recentes que ele fez sobre a morte do ativista Charlie Kirk.
De acordo com uma fonte com conhecimento dos eventos, os membros da equipe de Kimmel estavam trabalhando normalmente na tarde de quarta-feira, fazendo ligações para assessores de imprensa sobre os próximos episódios, pouco antes do anúncio da suspensão.
Vários publicitários, produtores e executivos de Hollywood que falaram com a CNN na noite de quarta-feira expressaram seu espanto com a suspensão.
“Estamos todos em choque”, disse um agente de celebridades à CNN. “Não acredito que isso seja a vida real”, disse um publicitário do estúdio.
“Para aqueles que rezam, agora é a hora”, disse Wanda Sykes, que seria uma das convidadas do programa daquela noite.
A equipe da ABC também ficou chocada com a mudança. Os laços de Kimmel com a emissora são profundos. Seu programa está no ar há mais de duas décadas, e a esposa de Kimmel, Molly McNearney, é a roteirista-chefe e produtora executiva do “Jimmy Kimmel Live!”.
Uma fonte familiarizada com a situação fluida e dinâmica disse à CNN que o “Jimmy Kimmel Live!” não foi cancelado, mas acrescentou que não há um cronograma para o retorno do programa.
Do lado de fora do teatro em Hollywood, alguns espectadores esperavam na fila por mais de uma hora quando foram informados de que a gravação havia sido cancelada.
Um casal de férias que viajou do estado da Virgínia para Los Angeles para assistir à gravação de Kimmel chamou a decisão da ABC de “ridícula”.
“E quanto à liberdade de expressão? Por que o programa dele seria cancelado por Jimmy Kimmel expressar sua opinião?”, disse Gina Blackwell à CNN.
“Acorde, América. Estamos ficando presos na estupidez”, disse Michael Blackwell.
Várias figuras da indústria do entretenimento que falaram com a CNN questionaram se o programa algum dia retornaria ao ar, citando o clima político atual e observando que Kimmel é há muito tempo um crítico ferrenho do presidente Donald Trump.
“Ótimas notícias para a América: o programa de Jimmy Kimmel, que desafiava a audiência, foi cancelado. Parabéns à ABC por finalmente ter a coragem de fazer o que precisava ser feito”, escreveu Trump em seu programa Truth Social na noite de quarta-feira.
“Kimmel não tem nenhum talento e tem audiência pior que a do Colbert, se é que isso é possível. Isso deixa Jimmy e Seth, dois completos perdedores, na NBC de fake news. A audiência deles também é horrível. Façam isso, NBC!!!”
Um porta-voz da ABC não respondeu ao pedido de comentário da CNN sobre se Kimmel e sua equipe continuarão a receber pagamentos durante a suspensão.
Dado o histórico do apresentador com Trump, parece improvável que ele queira filtrar seus comentários ou humor se ou quando retornar ao ar.
O contrato atual de Kimmel expira em maio. Ele debateu se o renovaria em 2022, declarando publicamente que havia considerado encerrar seu programa noturno.
“Depois de duas décadas na ABC, agora estou ansioso por três anos do que eles chamam de ‘demissão silenciosa’”, brincou ele em uma declaração na época em que sua extensão de contrato foi anunciada.
Um representante de Kimmel não respondeu ao pedido de comentário da CNN.