À CNN, João Fonseca destaca força e paciência rumo ao topo do tênis mundial

Desde que segurou uma raquete de tênis pela primeira vez, João Fonseca demonstrou uma afinidade natural com a força — ainda que nem sempre com o controle necessário.

“Eu era o tipo de criança que destruía a bola”, lembra o carioca. “Às vezes, ela ia pra cerca; às vezes, direto no chão; e, em outras, saía um winner.”

Essa abordagem — destemida, explosiva e sem freios — o acompanhou até a carreira profissional. Hoje, seu forehand é uma das imagens mais impressionantes do tênis masculino. Poucos jogadores conseguem igualar a potência bruta de Fonseca, especialmente na direita, golpe que o levou a conquistar dois títulos da ATP em 2025, incluindo o mais recente, em Basileia, na Suíça.

Na final, Fonseca aplicou 29 winners sobre o espanhol Alejandro Davidovich Fokina, com uma velocidade média de 130 km/h no forehand — em comparação, os melhores do mundo costumam ficar em torno de 120 km/h.

“Acho que meu treinador foi o primeiro a dizer: ‘Continue com essa agressividade, mas trabalhe pra ser mais sólido’”, contou o brasileiro à CNN Sports. “Nos últimos anos, entendi que não dá pra bater forte o tempo todo. Às vezes é uma ideia estúpida, claro, mas também é importante ser agressivo, ter coragem e confiança nos golpes.”

A conquista em Basileia fez de Fonseca o terceiro mais jovem campeão de um torneio ATP 500 desde a criação do formato, em 2009, além de ser o mais jovem vencedor do torneio desde Jim Courier, em 1989.

Ainda adolescente, Fonseca exibe um potencial gigantesco — e a tendência é que sua força, já considerada “anormal” até por especialistas, se torne ainda mais precisa conforme ele amadurece. Para muitos, o brasileiro está destinado a se juntar a Carlos Alcaraz e Jannik Sinner, os grandes nomes do circuito em 2025, no topo do esporte.

“O ‘Brazilian Blaster’ (Fonseca) é um talento geracional, como eu disse há dois anos, e vai estar lá com o ‘Italian Flamethrower’ (Sinner) e o ‘Spanish Magician’ (Alcaraz)”, escreveu no X o técnico Rick Macci, ex-treinador de Serena Williams.

Segundo Macci, esses três devem “criar um novo Big Three” no lugar de Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

O próprio Davidovich Fokina foi na mesma linha, ao elogiar o brasileiro após a derrota: “Você com certeza será o próximo Nole (Djokovic) a vencer Carlos e Jannik.”

Depois de conquistar o título do Next Gen ATP Finals em 2024 — torneio que reúne os melhores jogadores do mundo com menos de 21 anos —, Fonseca chamou atenção logo em janeiro deste ano, no Aberto da Austrália, ao vencer Andrey Rublev, então cabeça de chave número 9, em sets diretos.

Um mês depois, o brasileiro voltou a surpreender o circuito ao conquistar o ATP de Buenos Aires, tornando-se o segundo sul-americano mais jovem a vencer um torneio na Era Aberta.

Mesmo com o início fulminante, a temporada não foi linear. Fonseca parou na terceira rodada dos Grand Slams seguintes, frustrando parte das expectativas criadas no começo do ano. Mas a vitória em Basileia recolocou seu nome entre os principais talentos do circuito e o levou ao 28º lugar do ranking, com um salto de 18 posições.

“Um dos meus objetivos é ser cabeça de chave nos Grand Slams, ficar entre os 32 melhores”, afirmou. “É uma meta pessoal. Tenho trabalhado muito pra isso… vamos ver como será.”

Para chegar a esse nível, Fonseca precisou construir uma relação mais paciente com o tênis. Quando mais jovem, era impetuoso em quadra, buscando golpes vencedores a cada ponto — e, fora dela, não tinha paciência nem para assistir a uma partida completa.

Tudo mudou em 2019, quando ele se viu completamente envolvido na final de Wimbledon entre Novak Djokovic e Roger Federer — o jogo mais longo da história do torneio, com 4 horas e 57 minutos.

Fã assumido de Federer, Fonseca ficou devastado com a derrota do suíço. Desde então, passou a observar o esporte de outra forma, encantado pelas batalhas do “Big 3”, mas sempre com o olhar voltado ao ídolo.

“Ele é meu ídolo”, confessa. Por isso, o encontro entre os dois em setembro foi um momento inesquecível. “Conversamos por uns dez minutos, falamos sobre a vida, o circuito, como é viver no Brasil e estar longe de casa”, lembra. “Ele é um cara super legal. A gente tende a ver esses jogadores lendários como intocáveis, mas ele é humano como qualquer um, super tranquilo. Foi um momento muito importante, que vai ficar na minha memória pra sempre.”

É provável que os caminhos de ambos se cruzem novamente: Fonseca é patrocinado pela marca On, empresa da qual Federer é investidor. O brasileiro assinou com a marca aos 16 anos, quando já era tratado como uma joia do tênis, e hoje integra um elenco que inclui nomes como Iga Świątek e Ben Shelton.

Antes de se dedicar exclusivamente ao tênis, Fonseca também jogava futebol — paixão inevitável para quem cresceu no Rio de Janeiro. “Eu era bom”, conta. “Canhoto, tinha habilidade, mas nada sério. Não seria profissional. Ainda bem que fiquei com o tênis.”

Aos 17 anos, depois de chegar às quartas de final do Rio Open, ele optou por abrir mão de uma vaga na Universidade da Virgínia para se tornar profissional. Desde então, sua escalada no ranking tem sido constante, acompanhada por uma torcida ruidosa.

“Os torcedores brasileiros são muito intensos, talvez por causa do futebol”, explica. “No começo, eu ficava nervoso, sentia que precisava ganhar porque todos estavam ali me apoiando. Mas hoje eu adoro isso. Adoro sentir a energia, mesmo quando estou em um momento difícil. Eu era um cara tímido, e agora aprendi a me alimentar dessa vibração.”

Fonseca ainda não enfrentou Djokovic, Alcaraz ou Sinner — embora espere cruzar com o sérvio antes que ele, aos 38 anos, se aposente. Mas é questão de tempo.

Esses duelos, hoje sonho, tendem a virar rotina se o brasileiro mantiver o ritmo e continuar subindo nos rankings com o forehand devastador que o colocou entre as promessas mais empolgantes do circuito.

“Eles estão vencendo todos os torneios que jogam”, reconhece sobre Alcaraz e Sinner. “Motivam todos nós a trabalhar mais a cada dia, tentar estar no mesmo nível, vencer mais partidas, ser mais consistente. Espero, no futuro, estar com eles, jogando finais. Mas um passo de cada vez. É só continuar trabalhando.”

João Fonseca terá que cumprir promessa inusitada após vencer ATP 500

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