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Além da balança: crianças obesas também podem estar desnutridas

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Além da balança: crianças obesas também podem estar desnutridas

Em setembro, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou balanço afirmando que o número de crianças e adolescentes obesos no mundo superou o de desnutridos pela primeira vez na história. Apesar de parecer contraditório à primeira vista, menores obesos podem não ter a quantidade adequada de nutrientes no organismo.

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Toda criança que apresenta um estado nutricional inadequado é considerada com má nutrição. A denominação não necessariamente se aplica a casos de ingestão insuficiente de nutrientes, mas também a situações de consumo excessivo ou desequilibrado. Além da saúde, o processo impacta diretamente o crescimento e desenvolvimento dos pequenos.

“Crianças com excesso de peso podem estar comendo muito em quantidade calórica, mas pouco em qualidade nutricional. Por exemplo, uma criança que come muitos alimentos ultraprocessados (biscoitos, salgadinhos, refrigerantes) pode ter excesso de calorias, mas ser deficiente em ferro, zinco, vitamina D, fibras e outros”, exemplifica a nutricionista Manuela Dolinsky, presidente do Conselho Federal de Nutrição (CFN).

Sem a presença de nutrientes essenciais, os menores podem ter prejuízos no futuro, aumentando o risco de desenvolver doenças. “O peso na balança mostra apenas a quantidade de massa corporal, mas não revela a qualidade da alimentação nem o estado nutricional de verdade”, alerta a nutricionista Cynara Oliveira, supervisora de nutrição do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.

Hábitos alimentares que contribuem para crianças obesas serem desnutridas

Consequências a longo prazo

Influenciadas por fatores sociais, econômicos, culturais e ambientais, o padrão alimentar alimentar e o estilo de vida das famílias vem se alterando e causando o fenômeno de crianças obesas e desnutridas. Cada vez é mais comum ver a mesa dos brasileiros cheia de alimentos ricos em calorias, açúcares, gorduras e sódio, como ultraprocessados, ao invés de alimentos naturais.

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Obesidade, mais do que o acúmulo de peso, é uma doença que afeta o corpo de forma sistêmica

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Sintomas da obesidade clínica que vão além do IMC

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Além das doenças, portadores de obesidade precisam lidar com estigmas sociais associados à doença, que envolvem preconceito, estereótipos desrespeitosos, falta de entendimento, levando os pacientes a condições de baixa autoestima, vergonha e culpa pela condição de saúde e pelo peso

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A causa fundamental da obesidade e do sobrepeso é o desequilíbrio energético entre a quantidade de calorias ingeridas e a quantidade de calorias utilizadas pelo indivíduo para realização de suas atividades diárias. O excesso de calorias não consumidas acumula-se em forma de gordura corporal

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Segundo um levantamentos da OMS, as taxas de obesidade em adultos praticamente triplicaram desde 1975 e se elevaram em cinco vezes em crianças e adolescentes. No Brasil, segundo o IBGE, a condição deve atingir quase 30% da população adulta do país em 2030

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Esta condição médica refere-se ao aumento da gordura corporal e que provoca uma série de doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas de coração, dislipidemia (colesterol alto), esteatose (gordura no fígado) e outras comorbidades causadas pelo excesso de peso

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De acordo com especialistas, apesar de a obesidade ser uma doença crônica multifatorial e, como todas elas, não ter cura, ela tem tratamento e controle

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Consumir alimentos saudáveis e praticar atividades físicas que favoreçam o ganho de massa muscular é uma forma de combater a condição

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Acima de tudo, é necessário ter força de vontade e constância. Para entender como controlar a obesidade é fundamental valorizar cada conquista alcançada

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O cenário é preocupante, pois crianças são indivíduos em desenvolvimento e que necessitam de nutrientes para crescer. Segundo a presidente do CFN, carências de ferro, ômega-3, zinco e vitaminas do complexo B afetam o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem. Já o excesso de gordura corporal pode impactar a produção e funcionamento de hormônios importantes.

“A obesidade infantil aumenta as chances de doenças como diabetes e doenças cardiovasculares, antes comuns só em adultos, mas que estão cada vez mais presentes em crianças e adolescentes”, revela Manuela.

Como mudar o cenário

Reeducação alimentar e atividade física

A reeducação alimentar é a medida mais eficaz para mudar o cenário. Feita de forma individualizada e acompanhada por profissionais capacitados, ela ajuda não apenas a perder peso, mas também a corrigir as deficiências nutricionais e a criar hábitos alimentares saudáveis para a vida toda. Além da alimentação, os pequenos devem ser estimulados a ser ativos desde sempre, realizando atividades físicas adequadas para a idade.

Envolvimento familiar

Atitudes simples, como participar das compras, do preparo das refeições e das escolhas alimentares, podem aumentar o interesse das crianças por rotinas alimentares saudáveis e elevar sua autonomia na hora de preparar o prato. “As crianças aprendem observando. Quando os adultos mantêm uma alimentação equilibrada e têm horários regulares para comer, elas tendem a seguir o mesmo caminho”, aconselha Cynara.

Papel da escola

Local onde crianças passam grande parte de seu dia, a escola também pode ajudar oferecendo refeições equilibradas, além de promover atividades que incentivem a alimentação saudável nos pequenos.

“A atuação conjunta entre pais, escolas, nutricionistas e demais profissionais da educação fortalece os comportamentos positivos iniciados em casa, criando uma rede de apoio que favorece a reeducação alimentar de forma contínua e eficaz”, finaliza Manuela.

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Fonte: Metrópoles

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