A aprovação do projeto que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil representa uma conquista histórica para Fernando Haddad, que há anos defende uma maior justiça tributária no país. A medida, que inclui a taxação de pessoas com maior poder aquisitivo, foi aprovada mesmo em um cenário político considerado desafiador. A análise é de Clarissa Oliveira no Bastidores CNN.
“Teve muito desta reação, mesmo interna do PT, jogando água num esforço que sempre esteve na voz de Haddad dentro do partido”, lembrou a analista. Em campanhas anteriores, quando Haddad defendia a taxação dos super-ricos, até mesmo coordenadores de sua campanha demonstravam ceticismo nos bastidores, considerando a pauta apenas como recurso retórico.
Resistências e Persistência
Mesmo após assumir o comando da Fazenda, Haddad continuou enfrentando obstáculos internos. Havia um sentimento generalizado de que a agenda não prosperaria, e que seria necessário buscar alternativas, como a criação de novos tributos — uma solução que também enfrentaria dificuldades no Congresso Nacional.
A aprovação ganha ainda mais relevância considerando a atual composição do Congresso, que possui uma orientação voltada à direita e onde existe forte resistência a medidas que impactem setores econômicos mais privilegiados. O projeto ainda precisa passar pelo Senado Federal, onde pode sofrer alterações e eventualmente retornar à Câmara dos Deputados.
A conquista reflete o compromisso de longa data de Haddad com a pauta da justiça tributária. “Era o único a defender? Não. Mas a convicção com a qual trazia o assunto para o debate era muito firme”, disse Clarissa Oliveira. A medida representa uma mudança significativa na estrutura tributária brasileira, buscando uma distribuição mais equitativa da carga fiscal.