A B3 experimenta uma redução significativa no número de empresas com capital aberto, retornando aos níveis observados em 2021, e o nível elevado dos juros é uma das razões para este movimento de fuga da bolsa brasileira.
Atualmente, a bolsa conta com 358 companhias listadas, uma queda expressiva em comparação com as 371 empresas registradas há um ano e as 398 companhias contabilizadas em 2022, após o último ciclo de aberturas de capital.
Em entrevista ao CNN Money, Jean Arakawa, especialista em mercado de capitais e sócio do escritório Mattos Filho, descreveu que a política monetária tem afastado investidores da renda variável.
“O mercado de capitais está muito ligado aos ciclos de taxas de juros. O aumento de taxa de juros leva a um aumento de interesse em renda fixa e reduz o apetite para renda variável”, afirma Arakawa.
Além disso, o especialista destaca que movimentos de fusões, aquisições e fechamento de capital contribuíram para a redução no número de empresas listadas na bolsa.
No entanto, Arakawa indica que, com a perspectiva de redução nas taxas de juros, o cenário deve mudar.
“Com a queda da taxa de juros, é natural que você tenha condições mais favoráveis, tanto do ponto de vista de quem compra os papéis, quanto para quem oferta, as companhias que vão acessar o mercado, de iniciarem um novo ciclo”, disse.
Ele acredita que o fenômeno não se restringe ao mercado brasileiro e que empresas mundo afora seguem um movimento de buscar capital privado.
“Existe uma tendência global de companhias que acessaram investimento via canais privados, como fundos de private equity e venture capital, retardarem seu ingresso em Bolsa. Existem mais possibilidades de captação de dinheiro em canais privados”.
Novo regime para Pequenas Empresas
Arakawa também apontou iniciativa recente que busca facilitar o acesso de companhias de menor porte ao mercado de capitais.
O “Regime Fácil”, que deve entrar em vigor no início do próximo ano, simplifica requisitos de divulgação de informações financeiras para empresas que se enquadram em determinados limites de receita anual. O especialista afirma que a medida virá em boa hora.
“Acho que vai ser um momento favorável porque na perspectiva que temos de redução de taxa de juros, podemos ver novo modelo de transação que vai envolver companhias menores. Então sim, existe um direcionamento novo de fazer com que esse mercado aumente do ponto de vista de base de companhias listadas”.