Comando Vermelho: como surgiu e se espalhou a maior facção do Rio

O CV (Comando Vermelho), considerado a maior facção criminosa do Rio de Janeiro, tem 54 anos de existência e foi fundado com o objetivo de combater a tortura e maus tratos sofridos por dententos nas penitenciárias.

A facção foi criada dentro do Instituto Penal Cândido Mendes, em Ilha Grande, onde estavam presos comuns e presos políticos durante a Ditadura Militar. A convivência entre eles teria sido um dos motivos para a organização e o surgimento do CV. 

Denominado inicialmente de “Falange Vermelha”, o Comando Vermelho nasceu a partir de William da Silva Lima, criminoso conhecido como “Professor”. O homem, que ficou mais de 30 anos preso, entrou no presídio no ano de 1971. Ele foi condenado a quase 100 anos de prisão por crimes como assaltos a banco, extorsão e sequestro.

Na cadeia, “Professor” se portava como um representante dos outros presos e era o grande responsável por falar de forma oficial com as autoridades. Lima é o autor da obra “400×1: Uma história do Comando Vermelho”, na qual ele conta todos os detalhes sobre o surgimento da facção e sua atuação no crime.

“Caldeirão do Inferno” e avanço do CV

De acordo com ele, as condições precárias no Instituto Penal Cândido Mendes, também conhecido como “Caldeirão do Inferno” ou “Caldeirão do Diabo”, fizeram com que os presos começassem a se organizar para acabar com a situação em que viviam.

Em 1979, os presos políticos foram soltos e os membros da “Falange Vermelha” passaram a se organizar de outras maneiras. Os dois principais pontos do grupo passaram a ser as fugas dos presídios e o investimento no tráfico de drogas, principalmente de cocaína.

No ano seguinte, ocorreram mais de cem fugas, o que deixou o setor bancário em estado de choque, pois boa parte dos presos em Ilha Grande eram assaltantes de bancos. Além disso, entre os anos de 1983 e 1986, o CV expandiu sua atuação para fora dos presídios e começou a dominar bocas de fumo no Rio de Janeiro. 

Em 1985, a facção já tomava conta de 70% de todos os pontos de venda de um mercado que gerava muito lucro. É nesse momento em que as guerras por territórios começam.

Traição no crime, inimigos e aliados

Um dos momentos de maior tensão na história do crime organizado ocorre em 1994. No ano, acontece aquela que é considerada uma das maiores traições no mundo do crime carioca.

O criminoso conhecido como “Orlando Jogador”, líder do Comando Vermelho no Complexo do Alemão, é assassinado por “Uê” por causa de problemas que envolviam mulheres.

Após matar Orlando Jogador, Uê fundou uma facção rival do Comando Vermelho, a ADA (Amigo dos Amigos). Além dessa, a milícia e o TCP (Terceiro Comando Puro) também são grande inimigos do CV.

Vídeo: Moradores fogem de tiroteio após conflito entre facções no RJ

Em um determinado momento, o Comando Vermelho chegou a se aliar e tramar um plano de “não agressão” com o PCC (Primeiro Comando da Capital). O objetivo era compartilhar as rotas de tráfico, que era a principal fonte de renda das facções.

Porém, as forças de segurança do país indicam que houve uma ruptura entre as facções em meados de 2016. 

O Comando Vermelho de hoje

Atualmente, o Comando Vermelho é considerada a maior facção do Rio de Janeiro e a segunda maior do Brasil. 

“Zona de guerra”: entenda como fica o Rio de Janeiro após megaoperação

A facção tem características que denotam um esquema semelhante aos mafiosos, por conta do domínio da cadeia produtiva da maioria das atividades ilegais em que atua. O tráfico de drogas ainda é um dos principais ramos de atuação do grupo criminoso carioca.

Além disso, o CV expandiu a forma como garante os armamentos que são usados nas “guerras”. Hoje, não faz somente o uso de armas importadas de outros países, mas também se vale da fabricação de um “arsenal bélico” no próprio Brasil.

Ainda em realação à forma como guerria, episódios recentes mostram um avanço na utilização de altas tecnologias como o uso de drones durante as “batalhas campais”. 

Veja momento em que drone do CV arremessa bomba durante megaoperação no RJ

A facção não está presente somente no Rio de Janeiro. A atuação do CV chegou, principlamente ao Norte e Nordeste do país.

A relação entre criminosos cariocas e de outras regiões é considerada estreita e muitos integrantes da facção buscam refúgio em complexos dominados pelo CV no Rio.

Dinheiro do crime

Um estudo feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em fevereiro de 2025, revelou que o tráfico de cocaína já não é a atividade que mais dá dinheiro para o crime organizado no Brasil.

A pesquisa aponta que atividades como a venda irregular de combustível, ouro, cigarro e álcool são mais lucrativas. 

Conforme a pesquisa Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil, as facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) movimentaram R$ 146,8 bilhões em 2022 com a comercialização de combustível, ouro, cigarros e bebida. A

movimentação financeira do tráfico de cocaína no mesmo período foi estimada em R$ 15 bilhões.

Imagens mostram “zona de guerra” em megaoperação contra o CV no RJ

*Sob supervisão de Carolina Figueiredo

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