A voz é uma marca única de cada indivíduo, assim como a impressão digital. Ela é produzida pelo sistema respiratório e pelas estruturas do trato vocal, como cordas vocais, faringe, boca e cavidade nasal. Mas você já se perguntou por que ela difere tanto de pessoa para pessoa?
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles explicam que timbre, intensidade e ressonância da voz resultam de fatores anatômicos, fisiológicos, hormonais e culturais que determinam como o som é produzido e percebido em cada pessoa.
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Por que temos vozes diferentes?
Segundo o fonoaudiólogo Simon Wajntraub, as diferenças vocais entre as pessoas são causadas principalmente pela anatomia e pelo funcionamento do aparelho fonador — as partes do corpo que produzem som.
“Cordas vocais mais espessas geram vozes graves e fortes, como as de Cid Moreira e William Bonner. Já as cordas mais curtas e finas resultam em vozes agudas”, explica.
Estruturas como faringe, boca, cavidade nasal, palato, língua e arcada dentária também influenciam a qualidade vocal — até o tamanho do nariz tem impacto. Alterações nessas regiões, como ausência da úvula ou fissura palatina, podem modificar o timbre e a intensidade da voz.
Mudanças hormonais também desempenham papel importante nesse processo. Na puberdade, meninos costumam desenvolver vozes mais graves, enquanto mulheres na menopausa podem perceber o som mais grosso, sobretudo quando há histórico de tabagismo.
Impacto das emoções e da cultura
A fala também reflete emoções e contexto social. Franciele Savaris, fonoaudióloga de Curitiba, afirma que fatores emocionais e psicológicos têm grande influência sobre a voz.
“Medo, raiva, ansiedade ou tristeza afetam a tensão muscular, a respiração e a vibração das cordas vocais, o que muda o tom, volume e ritmo da fala”, detalha.
Ela explica que a ansiedade pode deixar a fala mais aguda e entrecortada; a tristeza tende a torná-la mais fraca e monótona; e a raiva pode fazê-la soar tensa ou estridente. Além disso, o ambiente sociocultural também molda sotaques, entonações, gírias, ritmo e projeção vocal.
Esses fatores são moldados pela convivência e pelas normas do grupo em que a pessoa está inserida. Quem exerce funções de liderança costuma adotar um tom mais firme, enquanto contextos informais favorecem uma expressão vocal mais livre.
Cuidados com a voz
Para quem depende da voz no dia a dia — como professores, cantores e atores —, o uso frequente exige cuidado e preparo técnico. Wajntraub explica que forçar a fala além do limite pode causar fadiga e alterações no timbre, especialmente quando não há atenção à respiração, ao condicionamento vocal e ao equilíbrio hormonal.
Esses profissionais devem encarar o treino vocal como um atleta encara o aquecimento físico, já que é ele que garante desempenho, resistência e preserva a saúde das pregas vocais.
Manter uma rotina de higiene vocal reduz o risco de fadiga e garante melhor desempenho nas atividades do dia a dia. Entre as principais recomendações, destacam-se:
- Aquecimento vocal: prepara as pregas vocais antes do uso intenso da voz, evitando esforço desnecessário.
- Desaquecimento vocal: ajuda a relaxar a musculatura após longos períodos de fala ou canto.
- Hidratação constante: mantém as pregas vocais lubrificadas e reduz o risco de irritação.
- Pausas regulares: permitem o descanso da fala e previnem fadiga e lesões vocais.
Além das técnicas, evitar tabagismo e consumo de álcool, manter boa hidratação e dormir bem são atitudes que ajudam na preservação da fala. Ambientes com ar-condicionado, muito secos ou com ruído constante também favorecem o esforço vocal e devem ser evitados sempre que possível.
A orientação de fonoaudiólogos é que qualquer alteração persistente — como rouquidão, dor ou falha — seja investigada. O diagnóstico precoce evita agravamentos e ajuda a recuperar o uso pleno da fala.
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Fonte: Metrópoles