Ícone do site O SERINGAL

Equipe se abre sobre envolvimento de Bruce Springsteen em cinebiografia

equipe-se-abre-sobre-envolvimento-de-bruce-springsteen-em-cinebiografia

Equipe se abre sobre envolvimento de Bruce Springsteen em cinebiografia

É outono de 1981 e Bruce Springsteen, então com 31 anos, acabara de encerrar uma turnê extremamente bem-sucedida de seu último álbum, “The River”. Mas em vez de voltar ao estúdio para produzir novas canções — como era a preferência de sua gravadora Columbia Records — o músico se recolheu em uma casa tranquila em Colts Neck, Nova Jersey, próximo a onde cresceu, para descansar e se recuperar.

Lá, intencionalmente isolado, mas involuntariamente revivendo traumas de infância e depressão subsequente, Springsteen acabou gravando sozinho 10 canções que formariam seu emblemático álbum lo-fi “Nebraska”.

Este período decisivo na vida do astro do rock é o pano de fundo de “Springsteen: Salve-me do Desconhecido“, novo filme dirigido por Scott Cooper, estrelando Jeremy Allen White, 34, de “The Bear”, como um convincente Springsteen, e Jeremy Strong, famoso por “Succession”, interpretando seu amigo e empresário de longa data, Jon Landau.

A estilosa cinebiografia retrata os tempos turbulentos da juventude de Springsteen e sua influência em sua música. O filme não hesita em examinar a oscilação frequentemente dolorosa do cantor entre ser um incansável ídolo global do rock e um ser humano frágil, além de sua busca por autenticidade e pertencimento quando distanciado de suas raízes operárias.

Essa dicotomia também se manifesta através das roupas de Springsteen — seu já familiar uniforme “Americana” da classe trabalhadora, composto por jeans Levi’s, jaquetas de couro com gola levantada, camisas xadrez de flanela, camisetas regatas brancas e botas, visual que o músico, hoje com 76 anos, ainda mantém.

Em entrevista por vídeo à CNN, a figurinista do filme, Kasia Walicka Maimone (cujo currículo inclui “The Gilded Age”, “Moonrise Kingdom” e “Capote”), disse que ela e sua equipe fizeram muita preparação antes do primeiro encontro com Springsteen, que esteve envolvido na produção.

“Bruce esteve bastante envolvido e foi incrível passar tempo com ele porque, claro, ele é uma lenda. Muitos de nós no filme já éramos grandes fãs”, disse ela. “A maneira como ele consegue comunicar emoção e contar histórias que ressoam é, para mim, como religião. Mas definitivamente houve um momento em que tivemos que deixar o deslumbramento de lado e dizer: “OK, agora precisamos nos tornar colaboradores”.”

Mas, segundo Maimone, Springsteen respeitou imensamente o processo criativo.”O que ficou claro logo na primeira conversa que tive com Bruce foi que, embora ele tenha sido muito bem fotografado naquela época específica (1981-1982), havia peças que ele amava mais do que outras — suas roupas do dia a dia eram diferentes dos itens usados em sessões de fotos ou shows. Estávamos constantemente ultrapassando níveis de intimidade e descobrindo aqueles momentos super privados e peças que eram significativas para ele… Foi isso que tentamos refletir no filme, então a contribuição de Bruce foi fundamental.”

De fato, algumas das roupas que White usa no filme são emprestadas do guarda-roupa real de Springsteen, incluindo uma camiseta da Triumph Motorcycles e uma camisa xadrez azul e branca original do início dos anos 1980 que o astro costumava usar. “Aquela era uma das peças mais queridas de Bruce, e estava muito delicada”, disse Maimone. “Sabíamos que ela poderia se desfazer durante as filmagens, principalmente porque Jeremy Allen White e Bruce Springsteen não têm o mesmo tamanho. Mas todos nós queríamos muito usá-la em uma cena emocional com Bruce e seu pai, e Bruce sentiu que se a peça fosse se desfazer, aquela cena em particular seria o momento mais bonito para isso acontecer.”

O pessoal é político

Muito poucos astros do rock têm um guarda-roupa que resiste ao teste do tempo. Menos ainda mantêm isso ao longo de uma carreira de 50 anos. No entanto, 45 anos depois de “Nebraska”, aquele que chamam de “The Boss” continua sendo um dos maiores ícones musicais do mundo com um estilo pessoal praticamente inalterado, tendo vendido mais de 140 milhões de discos, conquistado 20 prêmios Grammy e acumulado uma fortuna bilionária no processo.

Parte da lenda visual de Springsteen vem do fato de que tudo o que ele veste — o jeans, as jaquetas de couro, as camisas de flanela — é facilmente acessível aos seus fãs. “Naquela época (início dos anos 1980), Bruce Springsteen tinha um apelo universal. Os homens queriam ser ele e as mulheres queriam namorá-lo”, disse Patricia Mears, diretora adjunta do Museu do Fashion Institute of Technology em Nova York, em uma ligação telefônica.

“Ele não é conscientemente estiloso, mas é autenticamente da classe trabalhadora, que é de onde vem a maior parte de seu público também. “Suas escolhas de vestuário incorporam a imagem de um homem que “faz um dia de trabalho honesto”, uma ideia que certamente agrada sua base de fãs.

Mas é um visual também ligado à política pessoal e ao patriotismo — como, por exemplo, o Levi’s desgastado, o boné de baseball surrado e o tema geral vermelho, branco e azul na capa do álbum “Born In The USA” de 1984. Springsteen também se manteve fiel às suas raízes progressistas apesar da fama mundial. “Ele apoia os trabalhadores, nunca se apresenta como elitista e navega por um canal muito estreito, conseguindo ainda atrair sua base da classe trabalhadora — muitos dos quais provavelmente apoiaram Donald Trump — sem fazer o mesmo”, acrescentou Mears.

Nancy Deihl, historiadora da moda e chefe do departamento de arte da Universidade de Nova York, que cresceu em Nova Jersey, conta que conhecia Springsteen e seu estilo antes dele se tornar mundialmente famoso. “Lembro de uma conversa multigeracional durante um jantar de feriado”, explicou Deihl por telefone. “Todos os pais diziam que as roupas de Bruce Springsteen o faziam parecer desleixado. Eles estavam acostumados com artistas impecáveis como Frank Sinatra ou Tom Jones. Interpretavam seu estilo da classe trabalhadora — os lenços, os jeans — como alternativo, como se ele ‘não tivesse se esforçado o suficiente’.”

No entanto, Deihl vê o estilo workwear de Springsteen como “um significante socioeconômico; itens básicos e funcionais em tecidos como jeans e flanela”, explicou ela. “Essas associações não apenas ecoam a mensagem de sua música, como também não envelhecem.”

Como ele usa o que veste

Springsteen também foi um precursor da ascensão do workwear dentro da moda de forma mais ampla explicou Mears. “Hoje, o workwear é comumente reaproveitado como moda — pense em Carhartt e Dickies — e hipsters performáticos buscam essa autenticidade com, às vezes, sucesso limitado. Mas a maneira como Springsteen fez isso não é artificial.”

Sua conexão com as raízes americanas e a música folk americana o legitimou a se vestir dessa maneira.

Para criar uma imagem convincente no filme, era importante para Maimone capturar tanto a maneira como Springsteen veste as roupas quanto encontrar as peças corretas. “Bruce tem um estilo naturalmente fantástico, mas ele também dá carisma às roupas”, disse ela. “Ele usava peças utilitárias de trabalho de uma maneira muito específica — as calças jeans super justas e de cintura alta, botas com salto cubano, jaquetas de couro que serviam perfeitamente… As proporções de Bruce são perfeitamente equilibradas e ele usa as peças com muita naturalidade e confiança. A mesma peça em outra pessoa poderia parecer muito diferente. Meu trabalho era capturar essa naturalidade e confiança.”

Maimone disse que ela e a equipe de figurino passaram muito tempo com White enquanto ele “absorvia” Springsteen, consultando fotografias antigas, peças vintage da época que eles passaram meses procurando e as percepções do próprio Springsteen.

“Jeremy estava se tornando, sabe, o canalizador do espírito de Bruce Springsteen”, disse Maimone. “Ele fez isso de forma tão bonita e se transformou nele de uma maneira fenomenal. E isso se traduziu na forma como ele usava aquelas peças. Às vezes comparamos as roupas de um filme a uma segunda “pele”, outro nível do personagem. E Jeremy ‘absorveu’ a pele de Bruce Springsteen.”

O próprio artista concorda. “Jeremy não tentou fazer nenhum tipo de imitação. Ele simplesmente habitou minha vida interior“, disse Springsteen nas notas do filme. “A câmera captou essas complexidades e isso foi essencial para tornar o personagem completamente crível. É daí que vem sua mágica, e ele fez um trabalho simplesmente lindo.”

“O Urso”: Ayo Edebiri e Jeremy Allen White negam romance na série

Sair da versão mobile