A Bolívia se prepara para uma significativa mudança em sua política econômica, com o segundo turno das eleições presidenciais disputado entre dois candidatos de direita, neste domingo (19), em um momento em que o país enfrenta sua maior inflação em duas décadas, superando 30%. A avaliação é da professora de Relações Internacionais da Unifesp Carolina Pedroso, em entrevista ao Agora CNN.
Apesar de compartilharem uma orientação política similar, os candidatos apresentam propostas econômicas distintas. O ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga defende medidas mais radicais, incluindo a contração imediata de dívidas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e um possível distanciamento de blocos comerciais como o Mercosul.
Em contrapartida, Rodrigo Paz apresenta uma proposta mais conciliadora, buscando equilibrar a liberalização do mercado boliviano com pautas sociais. Sua abordagem considera a ainda expressiva representatividade da esquerda no país, mesmo após o fim de duas décadas de governo.
A disputa eleitoral boliviana tem chamado atenção por suas semelhanças com outros processos eleitorais na região. O cenário político atual reflete uma tendência de fortalecimento de candidaturas mais à direita na América Latina, especialmente após a vitória de Javier Milei na Argentina.
Futuro da oposição
O partido MAS (Movimento ao Socialismo), principal força de esquerda do país, enfrenta uma divisão interna entre seus principais líderes, o ex-presidente Evo Morales e Luis Arce. Esta fragmentação, somada aos processos judiciais que Morales enfrenta, representa um desafio adicional para a reorganização da oposição no novo cenário político que se desenha.