Um estudo global publicado na revista JAMA Network Open na última sexta-feira (17/10) revelou que cerca de 21,7% das pessoas com índice de massa corporal (IMC) considerado normal apresentam obesidade abdominal, condição caracterizada pelo acúmulo de gordura na região da cintura.
A pesquisa utilizou dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) referentes a 471 mil adultos de 91 países e mostrou que esse tipo de obesidade está relacionado a maior risco de pressão alta, diabetes e níveis elevados de colesterol e triglicerídeos.
O problema foi mais comum em países da região do Mediterrâneo Oriental e menos frequente no Pacífico Ocidental.
Quando o peso engana
Ter um IMC dentro da faixa considerada saudável (entre 18,5 e 24,9) nem sempre significa estar livre de riscos. Segundo os pesquisadores, pessoas com cintura acima de 80 centímetros, no caso das mulheres, e 94 centímetros, no caso dos homens, podem ter o que os especialistas chamam de “obesidade de peso normal”.
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A condição ocorre quando há acúmulo de gordura visceral, aquela que se concentra entre os órgãos internos, mesmo que o peso corporal total pareça adequado. Essa gordura é metabolicamente ativa e aumenta a probabilidade de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e distúrbios do colesterol.
O estudo aponta que fatores como sedentarismo, baixo consumo de frutas e vegetais, desemprego e menor nível de escolaridade estão entre os principais associados à obesidade abdominal. Pessoas fisicamente inativas, por exemplo, apresentaram 60% mais chances de ter a condição.
Obesidade, mais do que o acúmulo de peso, é uma doença que afeta o corpo de forma sistêmica
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Sintomas da obesidade clínica que vão além do IMC
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Além das doenças, portadores de obesidade precisam lidar com estigmas sociais associados à doença, que envolvem preconceito, estereótipos desrespeitosos, falta de entendimento, levando os pacientes a condições de baixa autoestima, vergonha e culpa pela condição de saúde e pelo peso
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A causa fundamental da obesidade e do sobrepeso é o desequilíbrio energético entre a quantidade de calorias ingeridas e a quantidade de calorias utilizadas pelo indivíduo para realização de suas atividades diárias. O excesso de calorias não consumidas acumula-se em forma de gordura corporal
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Segundo um levantamentos da OMS, as taxas de obesidade em adultos praticamente triplicaram desde 1975 e se elevaram em cinco vezes em crianças e adolescentes. No Brasil, segundo o IBGE, a condição deve atingir quase 30% da população adulta do país em 2030
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Esta condição médica refere-se ao aumento da gordura corporal e que provoca uma série de doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas de coração, dislipidemia (colesterol alto), esteatose (gordura no fígado) e outras comorbidades causadas pelo excesso de peso
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De acordo com especialistas, apesar de a obesidade ser uma doença crônica multifatorial e, como todas elas, não ter cura, ela tem tratamento e controle
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Consumir alimentos saudáveis e praticar atividades físicas que favoreçam o ganho de massa muscular é uma forma de combater a condição
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Acima de tudo, é necessário ter força de vontade e constância. Para entender como controlar a obesidade é fundamental valorizar cada conquista alcançada
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Risco invisível para a saúde
Segundo os pesquisadores, os resultados indicam que confiar apenas no IMC pode levar à falsa sensação de segurança. A medida não diferencia a massa muscular de gordura e não revela onde o tecido adiposo está concentrado. Por isso, a circunferência da cintura vem sendo defendida por especialistas como um indicador complementar importante na avaliação de saúde metabólica.
Os autores do trabalho reforçam que políticas públicas e campanhas de prevenção devem incluir também indivíduos com peso normal, já que eles podem apresentar alterações que elevam o risco de doenças crônicas. Entre as recomendações estão a prática regular de atividades físicas e uma alimentação equilibrada, rica em vegetais e pobre em alimentos ultraprocessados.
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Fonte: Metrópoles