O ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, declarou nesta quinta-feira (23) que agora estava absolutamente claro que os Estados Unidos são adversários da Rússia e que as recentes medidas do presidente americano, Donald Trump, em relação à Ucrânia equivaliam a um ato de guerra contra os russos.
Trump afirmou durante a campanha eleitoral americana que encerraria rapidamente a guerra na Ucrânia, que seu governo classificou como uma “guerra por procuração” entre Washington e Moscou, embora tenha recentemente expressado frustração com o presidente Vladimir Putin.
O americano, que descreveu a Rússia como um “tigre de papel”, disse na quarta-feira (22) que havia cancelado uma cúpula planejada com Putin, e o Tesouro dos EUA impôs sanções a duas das maiores empresas petrolíferas da Rússia.
“Os Estados Unidos são nossos adversários, e seu ‘pacificador’ tagarela agora embarcou totalmente em pé de guerra com a Rússia”, escreveu Medvedev, que atua como vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, no aplicativo de mensagens Telegram, se referindo a Trump.
“As decisões tomadas são um ato de guerra contra a Rússia. E agora Trump se alinhou totalmente com a Europa maluca.”
Putin, líder supremo desde 1999, continua sendo a voz final na política russa, embora Medvedev, um falcão que tem repetidamente provocado Trump nas redes sociais, transmita uma ideia de linha dura dentro da elite.
Trump disse em agosto que havia ordenado que dois submarinos nucleares americanos se aproximassem da Rússia em resposta ao que chamou de comentários “altamente provocativos” de Medvedev sobre o risco de guerra.
Medvedev afirmou que o movimento do “pêndulo trumpiano” significava simplesmente que Moscou poderia agora atacar a Ucrânia com uma ampla variedade de armas “sem considerar negociações desnecessárias”.
Putin, que ordenou a entrada de tropas russas na Ucrânia em fevereiro de 2022, após oito anos de combates no leste do país entre separatistas apoiados pela Rússia e forças do governo ucraniano, afirmou repetidamente que está pronto para conversar sobre paz.
Líderes europeus e a Ucrânia dizem não acreditar que o líder do Kremlin queira a paz e alertaram que a Rússia poderá um dia atacar um membro da Otan, uma alegação que o governo russo tem repetidamente descartado como absurda.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que os objetivos de Moscou na Ucrânia permanecem inalterados a partir de 2022: que a Ucrânia seja neutra, não alinhada, desmilitarizada e garanta os direitos dos falantes de russo e dos fiéis ortodoxos.
“Precisamos de uma configuração de soluções negociadas que eliminem as causas profundas do conflito e garantam uma paz confiável no contexto da construção de um sistema eurasiano e global mais amplo de segurança indivisível”, declarou a porta-voz Maria Zakharova.
Ela classificou as sanções americanas como extremamente contraproducentes e alertou que, se o governo Trump seguisse o exemplo de governos americanos anteriores, fracassaria.