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Furacão Melissa deixa ao menos 30 mortos e rastro de destruição no Caribe

Furacão Melissa deixa ao menos 30 mortos e rastro de destruição no Caribe

O furacão Melissa levou devastação e morte ao Caribe ao atingir a região como uma das tempestades atlânticas mais poderosas em mais de 150 anos.

Chuvas torrenciais e ventos fortes causaram destruição generalizada ao longo do caminho traçado pelo fenômeno na Jamaica, Cuba e Bahamas. Pelo menos 30 pessoas morreram, embora o número total de vítimas da tempestade catastrófica possa levar dias ou semanas para ser determinado.

Com a aproximação do furacão às Bermudas na madrugada desta quinta-feira (30), as autoridades de emergência nos países ao longo da trajetória do Melissa recomeçaram suas atividades, liberando estradas para chegar às comunidades isoladas que precisam de ajuda.

Andrew Holness, primeiro-ministro da Jamaica, viajou na quarta-feira (29) para algumas das áreas mais afetadas do país para avaliar os danos significativos causados ​​pelos ventos fortes e pelas inundações generalizadas.

“Apesar das dificuldades, o espírito jamaicano se destaca, lembrando-nos de que somos uma nação resiliente, capaz de superar as adversidades”, escreveu ele nas redes sociais.

Furacão deixa rastro de destruição

No Caribe, águas mais quentes que a média, combinadas com ventos pouco intensos em altitudes mais elevadas, criaram o combustível perfeito e as condições ideais para que o furacão Melissa ganhasse força.

O fenômeno se intensificou rapidamente, passando de uma tempestade tropical com ventos de 110 km/h na manhã de sábado (25) para um furacão de categoria 4 com ventos de 225 km/h na manhã de domingo (26).

Na terça-feira (28), Melissa havia se transformado em um furacão de categoria 5, com ventos máximos sustentados de 298 km/h, empatando com outros quatro furacões como a segunda tempestade mais forte já registrada no Atlântico desde o início dos registros, em 1851.

Enquanto se dirigia para a Jamaica, onde atingiu a costa ainda na categoria 5 na terça-feira, a OMM (Organização Meteorológica Mundial) alertou que esperava uma situação “catastrófica”.

“Para a Jamaica, será certamente a tempestade do século”, disse Anne-Claire Fontan, especialista em ciclones tropicais da OMM.

Na madrugada de terça para quarta-feira (29), a tormenta cruzou para o leste de Cuba, ainda como um furacão de categoria 3 quando atingiu a província de Santiago de Cuba.

Ao chegar às Bahamas na quarta-feira, o furacão Melissa havia sido rebaixado para a categoria 1, mas seus ventos intensos continuavam a provocar chuvas torrenciais, fortes ventanias e tempestades na costa.

Mais de 735 mil pessoas tiver que sair de áreas de risco em Cuba com a aproximação da tempestade, segundo o presidente Miguel Díaz-Canel, enquanto nas Bahamas, estimativas preliminares indicam que 1.485 residentes foram retirados antes da suspensão de todos os voos em função da tempestade.

Ordens de retirada também foram emitidas para seis ilhas das Bahamas.

Outros países, incluindo a República Dominicana e o Haiti, também sofreram os impactos catastróficos do Melissa.

Devastação deixada para trás

Em todo o Caribe, as autoridades descreveram um quadro consistente da destruição causada pelo furacão Melissa.

“As condições aqui são devastadoras. ‘Catastrófico’ é um termo brando considerando o que estamos observando”, afirmou Richard Solomon, prefeito da cidade de Black River, no sudoeste da Jamaica, onde o furacão Melissa atingiu a costa, em um vídeo publicado pela Força Policial da Jamaica.

Cerca de 140 mil pessoas ficaram isoladas após a tempestade atingir a ilha, segundo o governo.

Uma equipe da CNN viu moradores e militares empurrando mais de uma dúzia de ambulâncias em meio aos destroços da tempestade na cidade de Santa Cruz, enquanto o comboio médico seguia para uma área costeira no oeste da Jamaica, duramente atingida.


Telhados danificados após passagem do furacão Melissa na Jamaica • REUTERS

Na quarta-feira (29), o premiê da Jamaica afirmou que o governo “não está em posição de fazer uma declaração oficial sobre mortes” que possam ter sido causadas pelo furacão Melissa.

As autoridades jamaicanas recuperaram quatro corpos na região de St. Elizabeth, duramente atingida pelo furacão Melissa, informou uma fonte do governo à CNN.

Três pessoas também morreram durante os preparativos para a tempestade, mas o governo não divulgou um número oficial de mortos desde que o furacão atingiu a ilha na terça-feira (28).

O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, declarou o país em estado de calamidade pública na terça-feira, em uma tentativa de conter a especulação de preços.

“Devemos… continuar a manter a estabilidade de forma proativa, proteger os consumidores e prevenir qualquer exploração em um momento em que os cidadãos estão buscando alimentos, água e suprimentos”, declarou Holness.

Cerca de 77% do país ficou sem energia elétrica após a passagem do tufão Melissa, informou um porta-voz. A infraestrutura do país foi duramente atingida, ficando “severamente comprometida”, segundo Desmond McKenzie, ministro do Governo Local e Desenvolvimento Comunitário da Jamaica.

Pelo menos 25 mil turistas permaneceram no país enquanto a nação se recuperava da tempestade, afirmou Dana Morris Dixon, ministra da Educação, Habilidades, Juventude e Informação, em um comunicado.

No Haiti, país já assolado por desastres, 23 pessoas morreram e 13 estão desaparecidas, informou a Agência de Proteção Civil do país na quarta-feira.

Ao menos 20 do total de mortes, incluindo 10 crianças, ocorreram quando um rio transbordou em Petit-Goâve, relatou a agência, revisando o número anterior de 25 mortos divulgado pelo prefeito.

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, afirmou que o furacão Melissa causou danos “significativos” à ilha.

“Foi uma noite extremamente complexa, com relatos de danos significativos”, escreveu Díaz-Canel em sua conta oficial. “Exorto nossa população a permanecer vigilante, a manter a disciplina e a continuar tomando todas as precauções necessárias.”

Esforços de recuperação

Diversas iniciativas internacionais já foram lançadas para auxiliar nos esforços de recuperação.

O Reino Unido anunciou na quarta-feira (29) o envio de 2,5 milhões de libras (cerca de R$ 17 milhões na conversão atual) em fundos humanitários de emergência.

O embaixador da China em Cuba compartilhou um vídeo nas redes sociais mostrando centenas de caixas etiquetadas como “kits familiares” sendo transportadas de um armazém.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou na quarta-feira uma “resposta imediata dos EUA” para mobilizar apoio às comunidades afetadas no Caribe, segundo um comunicado divulgado pelo Departamento de Estado.

Em poucas horas, o secretário de Estado, Marco Rubio, “desdobrou uma Equipe Regional de Resposta a Desastres, incluindo equipes de busca e resgate urbanas, para avaliar as necessidades e fornecer assistência nas buscas e na recuperação”, diz o comunicado.

O Departamento de Estado está colaborando com agências da Organização das Nações Unidas, ONGs e governos anfitriões para fornecer alimentos, água, suprimentos médicos, kits de higiene, abrigo temporário e apoio em buscas e resgates.

O governo jamaicano lançou um site oficial para ações de socorro e recuperação, onde os usuários podem acessar informações atualizadas sobre locais alagados ou estradas bloqueadas e localizar abrigos.

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