O governo de Israel aprovou na quinta-feira (9) a resolução de cessar-fogo para a Faixa de Gaza, que inclui a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas, incluindo o retorno dos corpos daqueles que morreram. Em entrevista à CNN, o pesquisador de Harvard e professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Vitelio Brustolin, analisou que o Hamas encontra-se em uma posição de significativa fragilidade militar, sem capacidade de revidar os ataques das forças israelenses.
A declaração do chefe do Hamas exilado da Faixa de Gaza, Khalil al-Hayya, sobre o fim da guerra com Israel e início de um cessar-fogo permanente, ocorre, na visão do professor, em um momento de clara desvantagem militar do grupo.
Cenário político e territorial
“Apesar da derrota militar, o Hamas conseguiu avanços políticos significativos, especialmente no que diz respeito ao reconhecimento do Estado da Palestina“, destaca o professor. Atualmente, mais de 80% dos países membros da ONU, incluindo aliados históricos de Israel como França e Reino Unido, reconhecem a Palestina como Estado.
Contudo, o especialista ressalta que o reconhecimento isolado não é suficiente para gerar efeitos práticos. “A questão territorial permanece como um desafio central, especialmente na Cisjordânia, onde vivem três milhões de palestinos e 700 mil colonos israelenses, situação que dificulta a viabilização de um Estado palestino”, relembra Vitelio.
A saída unilateral das forças israelenses da Faixa de Gaza em 2005 é apontada como um fator que possibilitou o desenvolvimento militar do Hamas e sua preparação para os ataques de 7 de outubro de 2023. Esta decisão é hoje considerada um arrependimento por lideranças israelenses.