As dores crônicas são consideradas uma das principais causas de sofrimento e perda de qualidade de vida. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que ao menos 30% da população conviva com os desconfortos diariamente.
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Diferente de incômodos momentâneos causados por corte, queimadura, pancada ou fratura, a dor crônica não é caracterizada apenas como um sintoma e sim como uma doença. O desconforto é classificado como crônico quando persiste por mais de três meses, afetando o bem-estar do paciente, mesmo após a cicatrização da lesão original.
“Desde 2019, a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) diz que a definição de dor passou a ser muito mais ampla do que apenas a sensação física provocada por uma lesão. Hoje, ela é compreendida como uma experiência sensorial e emocional, influenciada por fatores físicos, psicológicos e sociais”, explica o médico ortopedista Julian Machado, chefe da ortopedia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
Entre as dores crônicas mais comuns estão a lombalgia, artrose, artrite reumatoide e fibromialgia; lesões nervosas e neuropatias, como hérnia de disco e neuropatia diabética; doenças autoimunes e inflamatórias; além de condições neurológicas, como enxaqueca, ou pós-traumáticas e pós-cirúrgicas.
“O uso de alguns medicamentos, inclusive quimioterápicos, pode causar lesões neurológicas que resultam em dor persistente”, acrescenta Machado.
Sinais que a dor pode ser crônica
- Dor persistente por mais de três meses.
- Desconforto constante, mesmo com uso de analgésicos ou repouso.
- Incômodos em atividades simples, como dormir, trabalhar ou praticar exercícios.
- Dor acompanhada de condições psicológicas, como ansiedade e depressão.
Importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce de dores crônicas eleva as chances de tratamento da condição, evitando complicações. Segundo o médico ortopedista Lúcio Gusmão, a adoção de terapias com rapidez limita alterações no sistema nervoso causadas pelo incômodo persistente, podendo até revertê-las, a depender do caso.
“Sempre falo que toda dor crônica foi uma dor aguda mal tratada. A dor prolongada muda a forma como o cérebro processa os sinais de dor e essa mudança, chamada sensibilização central, torna o sistema nervoso hipersensível”, ressalta o diretor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Como tratar a dor crônica
Para definir o tratamento mais adequado, Machado afirma que é essencial investigar o histórico do paciente e identificar a origem do incômodo. Após a avaliação, a terapia envolve medidas multidisciplinares e com diferentes abordagens.
Associada à administração de medicamentos, o paciente deverá realizar atividades intervencionistas e de relaxamento no local da dor, como fisioterapia, fortalecimento muscular e acupuntura.
“A dor crônica não tem cura definitiva, mas isso não significa que o paciente precise viver em sofrimento constante. O importante é um plano de tratamento individualizado, coordenado por um especialista em dor, buscando restaurar a qualidade de vida e não apenas eliminar o sintoma”, finaliza Gusmão.
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Fonte: Metrópoles