A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (1º), por unanimidade, o projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda. A medida, que representa uma mudança significativa na política tributária brasileira, foi aprovada com apoio tanto da base governista quanto da oposição. Durante o WW, analistas avaliaram a vitória do governo como uma bomba-relógio para 2027.
O diretor de Jornalismo da CNN em Brasília, Daniel Rittner, afirmou que medida foi um trunfo eleitoral para o governo Lula (PT). “Câmara e Congresso nas cordas, tentando se justificar para a sociedade, e mais uma bomba-relógio para 2027”, disse.
Segundo a analista de Economia da CNN Thais Herédia, o Brasil acaba de criar mais uma política pública de justiça tributária. Porém, para Herédia “a gente cria muitas outras distorções no sistema tributário brasileiro”.
Já o analista de política da CNN, Caio Junqueira, disse que a vitória simboliza a virada do vento da política a favor de Lula e a dificuldade da oposição de se opor a um projeto popular.
“A aprovação unânime mostra que o governo vive uma recuperação de popularidade e ampliação da competitividade para 2026. Então, fica difícil ir contra uma bandeira de quem hoje é favorito para vencer. Além de ser difícil votar contra uma proposta popular porque os deputados também vão pedir voto e tentar ser reeleitos ano que vem.”
O economista Aod Cunha, assim como Herédia, destaca a importância do projeto em relação à desigualdade tributária, mas alertou que “em algum momento teremos que parar de pensar em concessões e aumentos de gastos e entender que está ficando uma conta difícil de ser paga em 2027”.
Entre os principais pontos de atenção da “bomba-relógio” para 2027, estão os efeitos fiscais da medida que podem se tornar mais evidentes em um cenário de possível crescimento econômico menor e juros mais elevados.
Luiz Gustavo Bichara, advogado tributarista, avalia que o projeto tem méritos, mas que “a quantidade de detalhes que não foram objeto de discussão é muito grave”. Para o advogado, entre as questões que demandam maior discussão está a situação de investidores estrangeiros e suas implicações para a competitividade do Brasil no mercado internacional de capitais.
Júnia Gama, chefe de análise política do BTG Pactual, destaca que foi uma votação unânime, o que mostra a dificuldade da oposição de se colocar contra o projeto. “É uma mensagem de vitórias que ainda virão na sequência e que o governo vai usar no ano eleitoral”, acrescenta.