Metanol: 14 perguntas para entender os riscos e como se proteger

Os recentes casos de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica acenderam um alerta importante para a saúde pública no Brasil. A substância, altamente tóxica para o organismo, pode estar presente em bebidas falsificadas ou produzidas de forma clandestina. Mesmo pequenas doses são capazes de causar danos graves ao organismo, incluindo cegueira permanente e morte.

Os sintomas de intoxicação muitas vezes demoram a aparecer e podem ser confundidos com uma simples ressaca, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento. A Agência Einstein ouviu especialistas para responder às principais dúvidas sobre por que o consumo de metanol é tão perigoso e como se proteger desse tipo de intoxicação.

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1. O que é metanol e por que ele é perigoso?

O metanol é um tipo de álcool simples, líquido, incolor e altamente tóxico. Ele é usado principalmente na indústria química, como matéria-prima na fabricação de solventes, plásticos, tintas e combustíveis.

Quando metabolizado no organismo, o metanol é transformado em substâncias tóxicas, como formaldeído e ácido fórmico, que atacam o sistema nervoso central e o nervo óptico. A ingestão de apenas 10 ml já pode causar cegueira, e 30 ml podem ser fatais.

2. Qual a diferença entre metanol e etanol?

O etanol e o metanol são dois tipos de álcool, mas têm características e usos diferentes. Quando metabolizado pelas enzimas do fígado, o etanol é convertido em ácido acético e transformado em energia pelo organismo. Por isso, não é tóxico nas doses habituais.

“Já o metanol, ao ser convertido em ácido fórmico, intoxica as células e bloqueia a respiração celular, o que explica sua elevada toxicidade e potencial letal”, diz a médica hepatologista Lilian Curvelo, da equipe de transplante hepático do Einstein Hospital Israelita.

3. Por que o metanol “engana” o organismo?

Quando uma pessoa ingere metanol, o fígado tenta metabolizá-lo da mesma forma que faz com o etanol. A primeira enzima envolvida nesse processo é a álcool desidrogenase, que transforma o metanol em formaldeído. Em seguida, outra enzima, a aldeído desidrogenase, converte o formaldeído em ácido fórmico, responsável pela toxicidade da substância, principalmente na região da retina e no sistema nervoso central.

Quando a bebida é adulterada com metanol, a pessoa ingere metanol e etanol juntos. “Com isso, a conversão do metanol em ácido fórmico é mais lenta, pois o etanol é convertido primeiro, o que pode levar a sintomas tardios”, explica o cardiologista Marcus Gaz, gerente médico de Unidades Ambulatoriais do Einstein.

4. Por que ele pode aparecer em bebidas alcoólicas?

O metanol surge naturalmente, em pequenas quantidades, durante a fermentação da matéria-prima vegetal, a partir da quebra de pectinas presentes em frutas, cereais ou cana-de-açúcar. No processo de destilação de bebidas provenientes da fermentação alcoólica, o metanol é o primeiro composto a evaporar, por ter ponto de ebulição mais baixo (64,7°C) que o etanol (78,3°C). Essa primeira fração, chamada de “cabeça”, é imprópria para consumo e deve ser descartada.

Já a fração final, denominada “cauda”, concentra compostos como propanol, butanol e isoamílico, além de ácidos graxos voláteis e ésteres, que podem conferir sabores e odores indesejáveis, devendo também ser controlada ou descartada. Quando o fabricante não faz esse descarte corretamente, o metanol se mistura ao restante da bebida.

“Para minimizar riscos, é fundamental seguir práticas de produção adequadas, utilizar matérias-primas de qualidade e realizar testes regulares para detectar a presença de metanol”, frisa o engenheiro de alimentos Paulo Eduardo Tavares, coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Química do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-sp).

5. É possível diferenciar metanol de etanol?

É praticamente impossível distinguir etanol de metanol a olho nu ou pelo cheiro, pois ambos são líquidos transparentes e voláteis. A diferenciação precisa ser feita por análises laboratoriais. Daí o risco de consumir, sem saber, bebidas adulteradas. Desconfie de preços muito baixos e embalagens irregulares.

6. Quais são os principais sintomas de intoxicação por metanol e em quanto tempo aparecem?

Os sintomas costumam surgir entre seis e 24 horas após a ingestão. No início, pode haver náusea, vômitos, dor abdominal, dor de cabeça, tontura e fraqueza. Esses sinais, muitas vezes, são confundidos com os de uma ressaca.

Com a progressão da intoxicação, porém, os efeitos ficam mais graves: visão turva ou embaçada, dificuldade para enxergar, perda total da visão, falta de ar, convulsões, confusão mental, queda de pressão, coma e até morte. A presença de alterações na visão é um alerta importante de intoxicação por metanol e exige atendimento médico imediato.

7. Por que a intoxicação pode causar cegueira?

O ácido fórmico, formado após a metabolização do metanol, compromete a produção de energia nas mitocôndrias, estruturas essenciais para o funcionamento das células nervosas do nervo óptico. Sem energia suficiente, essas células passam a funcionar de maneira inadequada e podem colapsar, provocando inchaço e aumento da pressão no interior do nervo.

8. Existe um limite considerado seguro de metanol em bebidas?

Segundo Tavares, conforme a Instrução Normativa MAPA nº 13, de 29 de junho de 2005, o teor máximo de metanol permitido é de 20 mg/100 ml de álcool anidro (etanol puro presente nas bebidas), o equivalente a aproximadamente 0,25 ml/100 ml de destilado, conforme a graduação alcoólica.

9. Pode ter metanol na cerveja?

Não é algo comum de acontecer. “Cerveja praticamente não representa risco de contaminação por metanol porque o processo de produção não passa por destilação, apenas por fermentação”, afirma o engenheiro de alimentos.

“Nesse processo, até podem surgir quantidades mínimas de metanol, mas elas ficam muito abaixo do nível tóxico.” O risco maior está nos destilados, como cachaça, vodca e uísque.

10. O metanol aparece apenas em bebidas alcoólicas?

Não. Essa é uma substância usada principalmente na indústria química, e está presente em solventes, tintas, combustíveis, removedores de tinta, anticongelantes e produtos de limpeza industrial. Nessas aplicações, ele não representa risco se manuseado corretamente e sem ingestão.

11. Existem produtos com metanol que armazenamos em casa?

Sim. Embora o metanol seja mais comum em ambientes industriais, ele também pode estar presente em produtos domésticos, principalmente solventes, removedores de tinta, combustíveis para lareiras portáteis, álcool para fondue, limpadores e fluidos para radiador ou para-brisa de carro.

“Esses produtos não representam risco se usados corretamente e não ingeridos, mas precisam ser armazenados com cuidado, fora do alcance de crianças e longe de alimentos e bebidas, justamente para evitar acidentes”, alerta Paulo Tavares.

12. Como é o tratamento para intoxicação por metanol?

O tratamento deve ser feito apenas em ambiente hospitalar. O antídoto disponível no Brasil é o etanol intravenoso. “Ele compete com o metanol no fígado e reduz a formação das substâncias tóxicas. Nos casos graves, é necessária hemodiálise para remover o metanol e corrigir a acidose do sangue”, explica Lilian Curvelo.

O ácido folínico também é utilizado, pois ajuda a eliminar a substância. “Cabe ressaltar que está sendo adquirido o fomepizol, um antídoto específico que bloqueia a ação da enzima que converte o metanol em seus metabólitos tóxicos. Ele deve estar disponível em breve”, avisa Marcus Gaz.

13. O que fazer em caso de suspeita de ingestão?

“Caso apresente sonolência, tontura, visão dupla, perda de visão, alteração das cores de seis a 24 horas após a ingesta de bebida alcoólica, a pessoa deve procurar o serviço de pronto-atendimento mais próximo”, orienta o médico do Einstein.

14. Onde buscar ajuda ou denunciar suspeitas de bebida adulterada?

Além do atendimento médico imediato, é possível denunciar suspeitas ou buscar mais informações nos seguintes canais:

  • Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001;
  • CIATox da sua cidade para orientação especializada;
  • Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 de qualquer lugar do país.

Fonte: Agência Einstein



Fonte: Metrópoles

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