O presidente da Argentina, Javier Milei, disse que a vitória do seu partido nas eleições legislativas deste domingo (26) mostra que os eleitores rejeitaram de vez o populismo peronista e apoiam as mudanças no rumo da economia.
A coalizão governista mais que dobrou seu espaço no Congresso e ganha força para aprovar as reformas prometidas. A Bolsa argentina teve alta de 21,77% após o desempenho do partido de Milei nas eleições legislativas. O peso, que havia chegado à mínima histórica nas últimas semanas, subiu 4,12% nesta segunda-feira.
No último domingo, o Liberdade Avança teve 40,6% dos votos contra 31,6% dos peronistas. A legenda venceu na maioria das províncias — entre elas, Buenos Aires, reduto da esquerda — onde a coalizão governista havia sido derrotada nas eleições locais em setembro.
Principal fiador da campanha, o presidente americano Donald Trump parabenizou Milei. “Foi uma grande vitória, e ele teve muita ajuda nossa. Ele teve muita ajuda. Eu dei a ele um endosso, um endosso muito forte,” disse o republicano à imprensa a bordo do Air Force One.
O governo americano havia assinado um socorro de US$ 20 bilhões em swap cambial para salvar as reservas do Banco Central argentino, com potencial de dobrar a quantia caso o partido de Milei ganhasse as eleições legislativas.
Após a vitória, Milei disse que os argentinos mostraram que não querem voltar a um modelo fracassado de inflação e de um Estado inútil: “Os argentinos disseram: ‘Basta de populismo, populismo nunca mais’.”
Na Câmara, o Liberdade Avança passou de 37 para 80 cadeiras. O número da coalizão se expande para 104 com os aliados do PRO (Proposta republicana) do ex-presidente da Direita arngentina, Maurício Macri, somando mais de um terço do total. É o suficiente para manter os vetos da Casa Rosada e também para evitar vetos legislativos a decretos presidenciais.
No Senado, os governistas triplicaram os assentos. Mesmo assim, a oposição ainda é maioria, com 28 cadeiras. O presidente argentino pediu à oposição moderada que apoie as reformas. Com o novo Congresso, especialistas veem um presidente mais aberto ao diálogo e um caminho mais fácil para implementar sua agenda de governo, que inclui novos modelos previdenciários, trabalhistas e tributários.
“Vimos um Milei mudado, um Milei que tirou a jaqueta de couro e vestiu o terno, praticamente como quando Menem (Carlos Menem, ex-presidente da Argentina) cortou as costeletas e houve uma mudança forte no aspecto estético, mas também um grande giro no discurso. Vimos um presidente eufórico, mas também respeitoso com a diferença,” afirma a analista política, Shila Vilker.
*Com informações da Reuters