Walcyr Carrasco foi indiretamente citado no capítulo de sábado (19) de “Êta Mundo Melhor!“. O autor, responsável pelos primeiros 30 capítulos da trama – atualmente sob o comando de Mauro Wilson – teve o pseudônimo que escolheu em 1996 para escrever a novela “Xica da Silva” utilizado por Margarida (Nívea Maria).
Na história, que se passa entre as décadas de 1940 e 1950, a personagem não pode participar do concurso de radionovela por ser mulher e usa o pseudônimo Adamo Angel, que Carrasco criou quando era contratado do SBT mas escreveu escondido para a Manchete o sucesso protagonizado por Taís Araújo.
Na cena exibida, Margarina comemora batendo palmas ao ouvir Lúcio (Tony Tornado) anunciar que o autor da radionovela “Vendaval do Amor”, da rádio Paraizo será Adamo Angel. Olímpia (Rosane Gofman) estranha a felicidade. “Parece até que é amiga íntima”, comenta. “Adamo Angel é um querido amigo”. A cantora comenta que nunca ouviu falar dele e que também nunca o viu na pensão.
“Eu tive muitos amigos de ter essa pensão, e um deles era Adamo Angel. Nossa, um escritor maravilhoso! Ele que vai ser o autor de ‘Vendaval do Amor’”, responde Margarida. A rádio anuncia que o vencedor terá três dias para se apresentar pessoalmente, deixando Margarida preocupada.
Como surgiu Adamo Angel
No “Tributo” que foi ao ar este ano no Globoplay, Walcyr explicou o que aconteceu na época. Ele conta que, em suas idas à Manchete, conheceu a filha de Pedro Jack Kapeller, o Jaquito, herdeiro da emissora, e comentou sua vontade de fazer uma série sobre a escrava que virou rainha. Nesse meio tempo, passou a prestar uma “assessoria” a Silvio Santos sobre teledramaturgia. “Eu não escrevia. Um dia ela me liga dizendo que assumiu a direção da Manchete e queria que eu fizesse ‘Xica da Silva’. Era o projeto da minha vida, escrever uma novela inteiramente minha. Fui até o Silvio pedir demissão”.
O dono do SBT, no entanto, não quis libera-lo. Carrasco adotou Adamo Angel como pseudônimo. O sucesso de “Xica da Silva” despertou a curiosidade sobre quem seria esse autor. “Até que um dia, como era inevitável, o próprio Silvio Santos descobriu que era eu, me chamou para conversar e questionou. Falei ‘estou, aqui você não me dá chance’ e ele perguntou quanto eu queria para fazer uma novela para o SBT. Pedi o dobro do que eu ganho mais um carro. Ele aceitou e deixou eu terminar a novela na Manchete”.
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