Com a retirada de pauta da MP (Medida Provisória) alternativa ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o governo deixará de arrecadar R$ 17 bilhões previstos pela medida.
Em entrevista ao CNN Money, Caio Megale, economista-chefe da XP, afirmou que o governo contava com a combinação das medidas com a alta do IOF para o Orçamento de 2026 e que, sem essa aprovação, “vão faltar recursos para o ano que vem” e o cumprimento da meta de superávit fiscal para o período ficaria “mais distante”.
“Será muito difícil chegar na meta de resultado primário positivo”, afirma.
A preocupação de Megale se estende para 2027. Ele afirma que a meta não garante estabilidade da dívida pública, o que pode demonstrar uma tendência de aumento de despesas que pode gerar um “desequilíbrio fiscal permanente”.
O economista apontou ceticismo em relação a uma reforma fiscal antes das eleições de 2026.
Sobre riscos para o ano que vem, ele acredita que o Brasil vive “à beira da dominância fiscal”, o que significa que as contas públicas devem pautar a economia brasileira acima de outros temas, como a inflação e o mercado de trabalho.
Megale também espera que, caso as despesas não recebam a devida atenção, 2026 pode ser “turbulento”.
Apesar do risco fiscal crescente com novas medidas do governo como a tarifa zero para o transporte público, a taxa Selic deve ser reduzida, diz o economista.
“A dinâmica da inflação melhorou, o câmbio apreciou, vai se consolidando um cenário que não estamos na mesma urgência de quando o Banco Central colocou os juros em 15%. Acho que tem algum espaço para cortar juro no ano que vem mesmo que o cenário fiscal não seja o melhor”, conclui.