Em São Paulo, o ex-presidente da Câmara Municipal Milton Leite apresentou uma notícia-crime à Polícia Civil contra advogados do Jockey Club, acusando-os de praticar o crime de injúria racial.
A notícia-crime foi apresentada ao 78º Distrito Policial, segundo o ex-vereador. Agora, a polícia deve decidir pela abertura – ou não – de inquérito policial para se debruçar sobre o caso.
Milton Leite representou contra os advogados Vicente Renato Paolillo, José Mauro Marques, João Boyadjian e Hoanes Koutoudjian.
Os quatro assinaram, em 18 de março deste ano, o pedido de recuperação judicial do Jockey Club; a petição foi aprovada pelo Tribunal de Justiça do estado (TJ-SP) no final de setembro, com o reconhecimento de um passivo de R$ 19 milhões.
No documento, os advogados dizem que Milton Leite agiu como um “antropoide desvairado” após a Câmara Municipal aprovar um projeto proibindo corridas com animais envolvendo apostas, impactando diretamente na atuação do clube.
“Proprietários de cavalos, tirem seus cavalos de lá, porque serão presos”, disse o então presidente da Câmara após a aprovação da proibição, narraram os advogados do jóquei.
O projeto foi aprovado em junho de 2024 e chegou a ser sancionado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). Porém, em maio deste ano, o TJ derrubou a lei, por entender que ela seria inconstitucional.
Para a defesa de Milton Leite, os advogados do Jockey agiram com “sotisficação linguística para o fim de promover ato de racismo público”.
Baseando-se em resultados do dicionário Oxford Languages disponível no mecanismo de buscas da Google, a defesa apontou que “antropoide desvairado” seria como chamar o ex-vereador de “macaco que perdeu o juízo”.
“O racismo gratuito e recreativo praticado pelos representados revela a face mais cruel e sofisticada da discriminação racial: aquela que não nasce de conflito real, de disputa ou de reação, mas da simples vontade de humilhar, de afirmar uma suposta superioridade racial”, registra a notícia-crime.
“Os representados, todos homens brancos, de elevada instrução e larga experiência profissional, ao utilizar a expressão “antropoide desvairado” em documento judicial, conferiram aparência de erudição a uma ofensa que, em verdade, traduz o mais clássico insulto racista: reduzir o negro à condição de animal”, acrescenta.
A CNN busca contato com o Jockey Clube e com os advogados que representaram a instituição na petição de 18 de março. O espaço segue aberto para manifestações.
Desapropriação
Desde os tempos na Câmara, Milton Leite é defensor de que o terreno do Jockey Club seja transformado em um parque. A ideia também é defendida pela prefeitura.
Um dos argumentos para transformar a área do jóquei em parque é que o clube deveria mais de R$ 800 milhões em tributos municipais, segundo a prefeitura.