Em um mundo cada vez mais conectado pela ciência, testes genéticos de ancestralidade vêm ajudando pessoas a conhecer melhor suas origens e até reencontrar laços familiares perdidos. Foi o que aconteceu com Mariana Durante, jornalista de 35 anos que descobriu aos 20 ser adotada e, recentemente, conseguiu localizar parentes até então desconhecidos.
Nascida prematura em Guarujá (SP) e registrada pelos pais adotivos em São Paulo, Mariana conta que viveu um choque ao saber da adoção após fazer um teste genético. O objetivo inicial, no entanto, não era encontrar a família biológica, mas identificar predisposições a doenças hereditárias.
“Meu maior medo sempre foi o câncer, por isso procurei fazer o teste, para conhecer minhas predisposições genéticas. A descoberta de um parente biológico foi uma surpresa no meio do caminho”, relembra.
O procedimento funciona a partir de um kit enviado para o candidato ao teste. Nele, há um coletor simples que deve ser passado na bochecha para recolher saliva. Com essa amostra, o DNA é processado em máquinas altamente tecnológicas e gera vários relatórios com detalhamento genético pessoal.
Ricardo Di Lazzaro Filho, médico geneticista e cofundador do teste Genera, usado por Mariana, explica que além da possibilidade de apontar parentes próximos ou distantes, caso o usuário autorize o cruzamento de dados, o exame também serve para apontar riscos elevados para alguns tipos de doença.
“O teste se divide em três pilares: ancestralidade, saúde e bem-estar. Ele permite tanto entender a origem genética quanto estimar riscos multifatoriais e ajustar hábitos de vida. É um retrato personalizado, mas que sempre deve ser interpretado com apoio médico”, explica.
No caso de Mariana, o resultado indicou uma ligação de segundo grau do lado paterno, ainda distante do seu maior desejo: chegar à mãe biológica, identificada apenas pelo nome Geny em documentos antigos.
“Enviei e-mails, busquei contato, mas ainda não consegui chegar até ela. Carrego a esperança de um dia poder olhar nos olhos dela e entender a nossa história”, conta.
Testes como este também mostram de quais regiões do mundo vieram os antepassados, revelando uma combinação que pode incluir DNA europeu, africano, asiático, indígena e dai por diante.
Além disso, ajudam a estimar predisposições para doenças como diabetes, câncer e condições autoimunes. No caso de Mariana, surgiu o alerta de maior risco para diabetes tipo 1, o que a levou a mudar hábitos de alimentação e rotina antes que a condição de fato aparecesse. Para Di Lazzaro, a ferramenta vai além da curiosidade.
“Já reunimos pessoas adotadas com suas famílias biológicas e vimos histórias interrompidas serem retomadas. Cada DNA guarda uma narrativa única: é ciência usada para aproximar pessoas”, afirma Di Lazzaro.
Casos como o de Mariana mostram como a genética se tornou um instrumento de autoconhecimento e de reconexão afetiva. Entre números e mapas coloridos, é possível redescobrir vínculos, entender fragilidades e transformar a ciência em uma ponte para histórias que pareciam perdidas no tempo.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Fonte: Metrópoles