O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a utilizar montagens de inteligência artificial como ferramenta de desinformação, promoção própria e ataques a opositores políticos.
Trump postou 62 vídeos ou fotos criados por IA desde 2022 na sua página do Truth Social, segundo um levantamento do jornal americano The New York Times. Na publicação mais recente, o republicano, com uma coroa na cabeça, joga fezes em manifestantes dos protestos No Kings.
A mobilização ocorreu em mais de 2.500 cidades e criticou políticas de Trump, especialmente as que envolvem imigração e educação.
A montagem foi criticada por democratas, que a consideraram uma resposta não institucional do republicano aos manifestantes. Já os aliados de Trump veem o movimento com naturalidade.
O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, disse que os posts são apenas uma sátira. “O presidente usa as redes sociais para enfatizar seu ponto. É possível argumentar que ele provavelmente é a pessoa mais eficaz que já usou as redes sociais para isso. Ele está usando a sátira para fazer um ponto”, afirmou.
Ainda segundo o New York Times, Trump postou outros 14 vídeos com ataques a opositores e adversários. Em um deles, Trump aparece rindo no Salão Oval da Casa Branca enquanto o ex-presidente americano, Barack Obama, é preso.
Outras 21 montagens envolvem a imagem de Trump, com retratos dele como papa, vencedor do Nobel da Paz, rei e até mesmo um Jedi da saga de filmes Star Wars.
As publicações ocorreram, inclusive, durante a campanha de Trump à presidência em 2024. Em algumas delas, o republicano exibia estereótipos e notícias falsas sobre imigração, além de atacar diretamente sua concorrente, Kamala Harris.
Mais sete postagens tratam sobre políticas da administração. Um dos vídeos mostra Gaza como “a Rivera de Trump”, com uma grande estátua do presidente americano e imagens dele e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, bebendo à beira de uma piscina. A postagem foi feita em fevereiro, quando Trump propôs — ao lado de Netanyahu — transformar Gaza na “Riviera do Oriente Médio”.
A Casa Branca não vê polêmica sobre o tema e, em nota enviada ao New York Times, afirma que a comunicação de Trump é “criativa e efetiva”.