As vacinas contra o papilomavírus humano (HPV) podem diminuir drasticamente a taxa de infecções que causam câncer de colo do útero, mesmo entre as pessoas não vacinadas. Isso é o que revela um estudo de longo prazo realizado por pesquisadores norte-americanos, publicado nesta segunda-feira (29/9) na revista JAMA Pediatrics.
De acordo com os cientistas, isso ocorre porque quando as taxas de cobertura vacinal estão em altos níveis, o vírus circula menos, protegendo indiretamente até quem não se vacinou. O efeito é chamado de imunidade de rebanho, mas não diminui a importância da vacinação ativa.
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O estudo foi conduzido por pesquisadores das universidades de Cincinnati e Indiana, ambas nos Estados Unidos, e da Universidade McGill, no Canadá, em parceria com instituições médicas norte-americanas.
Eles analisaram dados de seis estudos de vigilância em Cincinnati, realizados entre 2006 — ano em que a vacina foi lançada — e 2023. A pesquisa incluiu 2.335 mulheres com idades entre 13 e 26 anos. Os cientistas focaram em participantes com risco maior para HPV por multiplicidade de parceiros sexuais ou histórico clínico de infecção sexualmente transmissível.
Como durou 17 anos, a análise verificou a eficácia de três versões da vacina: a bivalente, que protege contra as variantes 16 e 18 do HPV, os tipos mais persistentes e com mais chances de evoluir para câncer; a quadrivalente, que protege contra os tipos causadores de verrugas (6 e 11) e o 16 e 18; e a nonavalente, que protege também contra os tipos 31, 33, 45, 52 e 58.
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Taxas de imunização de cada vacina
Os dados mostraram que a taxa de infecções por HPV caiu 98,4% entre as pessoas vacinadas com o imunizante bivalente; 94,2% entre as com a tetravalente; e 75,7% para as que receberam a nonavalente. Ao todo, 82% dos participantes do estudo receberam alguma das vacinas.
Em entrevista ao portal britânico Live Science, a autora principal do artigo, Jessica Kahn, explica que, embora os números mostrem uma redução menos acentuada de infecções entre os que receberam a nonavalente, isso não significa que ela seja menos eficaz. Pelo contrário, a vacina é mais recente e a adesão ainda é lenta na população.
Menos infecções também entre não vacinados
Entre os participantes não vacinados, as infecções por HPV 16 e 18 caíram 71,6%. Quando foram analisadas também as infecções pelos tipos 6 e 11, os dados mostraram redução de 75,8%, sugerindo um índice elevado de imunidade de rebanho.
Apesar de ser uma boa notícia, a preocupação dos cientistas é com a baixa adesão ao imunizante em países mais pobres. “Ao expandir a aceitação desta vacina altamente segura e eficaz e garantir o acesso à triagem e ao tratamento, podemos alcançar uma das maiores vitórias de saúde pública do nosso tempo: a eliminação do câncer de colo do útero em todo o mundo”, afirma Jessica.
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Fonte: Metrópoles