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Voto não contado pode mudar resultado de eleição no Canadá

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Voto não contado pode mudar resultado de eleição no Canadá

Se você já pensou que seu voto não faz diferença, esta história pode fazê-lo mudar de ideia.

Uma audiência de três dias está em andamento no Canadá para decidir se um único voto não contabilizado devido a um erro administrativo deve anular um resultado das eleições de abril para o legislativo nacional.

A candidata liberal, Tatiana Auguste, venceu no distrito eleitoral de Terrebonne, ao norte da cidade de Montreal, por apenas um voto, conquistando uma cadeira que há muito tempo pertencia ao Bloc Québécois, partido separatista de Quebec.

No entanto, a então ocupante do cargo pelo Bloc Québécois, Nathalie Sinclair-Desgagné, contestou o resultado após uma eleitora revelar que seu voto por correio, que havia sido dado a ela, não foi contabilizado.

A moradora de Terrebonne, Emmanuelle Bossé, disse à emissora pública CBC Radio-Canada, em maio, que sua cédula foi devolvida ao remetente devido a um código postal incorreto no envelope de retorno fornecido pela comissão nacional eleitoral.

Segundo declarações apresentadas no processo na suprema corte da província, um funcionário do Elections Canada descobriu que havia imprimido erroneamente seu próprio código postal em dezenas de cédulas na véspera do dia da eleição, segundo a agência de notícias Canadian Press.

“Não fui eu quem errou o endereço do Elections Canada no envelope”, disse Bossé à Radio-Canada. “O Elections Canada colou essa etiqueta no envelope.”

Bossé disse estar chateada por seu voto não ter sido contado, especialmente considerando o quão acirrada foi a disputa.

“Votei no Bloc”, disse Bossé à Radio-Canada. “Então talvez fosse o voto que poderia ter mudado alguma coisa.”

Eleição com resultado confuso

O resultado da eleição foi confuso desde o início. Auguste foi inicialmente projetada para vencer a cadeira por apenas 35 votos. Mas após um processo de validação padrão, Terrebonne foi para Sinclair-Desgagné por 44 votos.

A disputa acirrada desencadeou uma recontagem judicial — exigida por lei para qualquer disputa vencida por uma margem inferior a 0,1%

Após a recontagem, Auguste foi declarada vencedora em 10 de maio com um total de 23.352 votos — apenas um a mais que Sinclair-Desgagné.

Na Corte Superior de Quebec esta semana, advogados das duas candidatas apresentaram argumentos conflitantes sobre se o resultado deve ser mantido ou se uma nova eleição deve ser convocada.

O advogado de Sinclair-Desgagné, Stéphane Chatigny, disse ao tribunal na segunda-feira (20) que confirmar o resultado da eleição “enviaria uma mensagem desastrosa aos eleitores” e “minaria a confiança pública”, segundo a Canadian Press.

Por outro lado, o advogado de Auguste, Marc-Étienne Vien, argumentou que anular o resultado “negaria o direito ao voto” das dezenas de milhares de residentes de Terrebonne que depositaram suas cédulas em abril.

David Baum, advogado do Elections Canada, afirmou ao tribunal que as eleições “não são projetadas para alcançar a perfeição”, informou com a Canadian Press.

“É uma máquina grande e complexa, e erros são inevitáveis”, declarou Baum.

A vitória incomum por um único voto aproximou o Partido Liberal do primeiro-ministro Mark Carney, que possui 169 cadeiras no Parlamento, das 172 necessárias para formar um governo majoritário em Ottawa. O Bloc Québécois possui 22 assentos.

Carney venceu a eleição em uma impressionante reviravolta para seu partido, favorecida pelas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas abrangentes ao Canadá e anexar o país como o 51º estado americano.

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