O governador de Minas Gerais e pré-candidato à Presidência em 2026, Romeu Zema (Novo), fez críticas ao governo federal nesta terça-feira (28), em relação à megaoperação policial no Rio de Janeiro, que deixou 64 mortos. “Mais uma vez, as forças policiais de um Estado enfrentam sozinhas essas facções terroristas”, afirmou.
Em publicação nas redes sociais, Zema classificou os acontecimentos no Rio como “absurdos” e comparou as cenas vistas àquelas da guerra no território palestino da Faixa de Gaza. “Até drone com granada os traficantes utilizaram”, escreveu.
Segundo o governador, o Executivo federal tem se recusado a enviar blindados e a garantir proteção aos policiais envolvidos nas ações. Ele também criticou o ministro da Justiça por, segundo ele, atacar o governador do Rio em vez de oferecer apoio.
“Eu olho para essas cenas de terror no Rio e parece que estou assistindo à guerra lá da Faixa de Gaza. Até drone com granada os traficantes utilizaram. O que está acontecendo lá no Rio é um absurdo. Mais uma vez, as forças policiais de um Estado têm de enfrentar sozinhas essas facções terroristas. E mais uma vez, o ministro do Lula (PT), ao invés de ajudar, vem criticar o governador do Rio por ter enfrentado o Comando Vermelho”, disse.
Em pronunciamento sobre a operação, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou que a situação atual transcende os limites da segurança pública convencional e classificou a ação como uma “operação de defesa”. “O Rio está sozinho nessa guerra”, declarou, ao cobrar maior integração com as forças federais. Segundo Castro, o estado solicitou apoio com blindados, mas todos os pedidos foram negados até o momento.
O governo federal, por sua vez, rebateu. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que não recebeu nenhum pedido formal do governador para a megaoperação no Complexo do Alemão. “Nem ontem e nem hoje. Absolutamente nada”, afirmou em coletiva. A Advocacia-Geral da União também elaborou, em fevereiro, um parecer jurídico que fundamentou a negativa ao uso de blindados pelas Forças Armadas, alegando que o pedido só se enquadraria em ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Poucas horas após a declaração pública, Castro telefonou para a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Segundo a pasta, o governador afirmou que não teve a intenção de criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que suas falas refletiam apenas a preocupação com as dificuldades enfrentadas pelo estado no combate ao crime organizado.
Zema também relembrou uma fala recente do presidente Lula sobre o tráfico de drogas. “A verdade é que o Lula se recusa a mandar blindados para proteger a vida de quem nos protege: os policiais. Não é para menos, né? O Lula acabou de dizer recentemente que os traficantes são vítimas dos usuários. Será que você concorda com isso? As facções estão tomando conta do Brasil e tá na hora de dizermos: chega, basta!”
A fala do governador faz referência a uma declaração do presidente, dada na última sexta-feira (24), durante coletiva de imprensa em Jacarta, na Indonésia. Ao comentar o combate ao tráfico de drogas, o presidente afirmou que “os traficantes são vítimas dos usuários”, em resposta a uma pergunta sobre as falas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que defende ações militares contra narcotraficantes.
Após a repercussão negativa, Lula publicou uma retratação nas redes sociais, dizendo que a frase foi “mal colocada”. “Durante entrevista coletiva, usei uma frase mal colocada ao falar sobre o tráfico de drogas. O combate ao tráfico é uma prioridade do nosso governo”, escreveu.
