A prolongada guerra comercial entre China e Estados Unidos se intensificou em fevereiro de 2025, quando o presidente Donald Trump impôs tarifas à nação asiática, Canadá e México no dia 1º de fevereiro.
Desde então, os dois países têm se envolvido em uma relação caótica, com tarifas retaliatórias que por vezes atingiram níveis de três dígitos.
Após Trump e o líder chinês Xi Jinping se reunirem na Coreia do Sul na última quinta-feira (30) para discutir comércio e outras questões, Trump concordou em reduzir as tarifas sobre produtos chineses em 10% em troca de promessas de que Pequim combaterá o fluxo de fentanil para os EUA.
A taxa tarifária efetiva ainda permanecerá em cerca de 47% para produtos chineses que entram nos EUA.
Mas como está a China desde que Trump iniciou seu segundo mandato como presidente e as tarifas foram impostas mundialmente? Eis o que mostram os dados.
China estabiliza compras de commodities americanas
Mesmo antes do segundo mandato de Trump, as exportações da China para os EUA vinham diminuindo. Essa tendência se acelerou ainda mais nos últimos meses.
Em setembro, as exportações para os EUA totalizaram US$ 34,3 bilhões, em comparação com US$ 47 bilhões no mesmo mês do ano anterior – uma queda de 27%.
Mas apesar desse forte declínio no comércio com os EUA, as exportações chinesas cresceram 6,1% este ano, com dados de setembro mostrando um aumento de 8,3% em comparação com o ano anterior, à medida que as exportações para outras regiões dispararam.
A China não está apenas diversificando suas exportações, mas também importando mais produtos de outros países enquanto busca alternativas aos produtos americanos.
Soja e carne bovina: O que vem a seguir nas negociações China-EUA
A soja, uma commodity fundamental tanto para a China quanto para os EUA, foi parte importante das negociações comerciais.
Embora as importações chinesas de soja americana tenham diminuído consistentemente nos últimos meses, pela primeira vez em anos, a China não importou nenhuma soja dos EUA em setembro.
Em vez disso, a China se voltou para o Brasil e Argentina, onde os embarques de soja para a China continuam crescendo.
Em setembro, o governo argentino suspendeu temporariamente seu imposto sobre a exportação de soja, levando o governo chinês a comprar cerca de 1,2 milhão de toneladas métricas do país sul-americano.
Os futuros da soja em Chicago, que acompanham os preços globais da soja, subiram no início desta semana antes das conversas entre Xi e Trump.
Após o encontro entre os dois líderes, a China concordou em comprar 12 milhões de toneladas métricas de soja nesta temporada e se comprometeu a adquirir 25 milhões de toneladas métricas anualmente pelos próximos três anos, afirmou o Secretário do Tesouro Scott Bessent na última quinta-feira.
Enquanto isso, a China, terceira maior compradora de carne bovina americana, tem reduzido significativamente suas compras do produto nos últimos meses.
De janeiro a julho deste ano, o país comprou US$ 481 milhões em carne bovina americana, representando 8% das exportações de carne dos EUA, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Isso representa uma queda de 47% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando as compras chinesas de carne bovina americana correspondiam a 15% do total das exportações.
Assim como ocorre com a soja, a China tem preenchido a lacuna aumentando as compras de outros países, principalmente Austrália e Argentina, após não renovar os contratos de carne bovina com os EUA no início deste ano.
As importações chinesas de carne bovina americana continuam em queda.
No mês passado, o país comprou US$ 11 milhões em carne bovina americana, uma redução de 90% em comparação com setembro do ano passado, quando adquiriu US$ 110 milhões em carne bovina americana, de acordo com dados publicados pela Administração Geral das Alfândegas da China.
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