A poluição do ar em cidades da Amazônia supera, em períodos do ano, níveis registrados em metrópoles como São Paulo, Pequim e Londres, segundo relatório “Céus Tóxicos” divulgado pelo Greenpeace Internacional, na última terça-feira (4).
O levantamento atribui os índices à fumaça de queimadas usadas por setores como o agronegócio para abrir ou renovar áreas de pastagem na região.
O estudo analisou dados de material particulado fino (PM2.5), substância ligada a doenças respiratórias e cardiovasculares. Em 2024 e 2025, municípios como Porto Velho (RO) e Lábrea (AM) registraram médias diárias mais de 20 vezes acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mesmo com menos queimadas em 2025 que no ano anterior, os níveis continuaram acima das diretrizes da OMS.
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Áreas agropecuárias
O relatório afirma que as queimadas se concentram em áreas agropecuárias e cita análise do MapBiomas que aponta que, entre 2019 e 2024, mais de 30 milhões de hectares foram queimados.
“Na COP30, muitas empresas do agronegócio vão afirmar que o setor promove soluções climáticas, mas para isso ser verdade, é preciso endereçar de maneira definitiva os impactos que até hoje fazem parte da cadeia produtiva, isso inclui o desmatamento e o uso ilegal do fogo”, afirmou a a coordenadora da Frente de Desmatamento Zero do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti.
O relatório também destaca impactos à saúde: hospitais em Porto Velho registraram aumento de internações por problemas respiratórios durante os picos de fumaça, principalmente entre crianças e idosos. A organização estima que a poluição causada pelas queimadas contribuiu para dezenas de milhares de internações e mortes prematuras na região entre 2009 e 2019.
Às vésperas da COP30, o Greenpeace defende que o Brasil lidere um plano global para zerar o desmatamento até 2030 e propõe a criação de um programa de trabalho internacional para monitorar e implementar essa meta.