O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou neste sábado (1°) que se desculpou com o presidente dos EUA, Donald Trump, por um comercial político contra tarifas e que pediu ao primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, para não o veicular.
Falando com repórteres após participar de uma cúpula da Ásia-Pacífico na Coreia do Sul, o premiê canadense disse que fez o pedido de desculpas a Trump em particular, durante um jantar oferecido pelo presidente sul-coreano na quarta-feira (29).
“Eu me desculpei com o presidente”, disse Carney, confirmando os comentários feitos por Trump na sexta-feira (31).
Carney também confirmou que revisou o anúncio com Ford antes de sua veiculação, mas disse que se opôs ao seu uso.
“Eu disse a Ford que não queria prosseguir com o anúncio”, afirmou.
O anúncio, encomendado por Ford, usa um trecho de um discurso do republicano e ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, afirmando que as tarifas causam guerras comerciais e desastres econômicos.
“Eu disse a Ford que não queria que o anúncio fosse veiculado”, disse ele.
Em resposta, Trump anunciou o aumento das tarifas sobre produtos canadenses, e Washington também suspendeu as negociações comerciais com o Canadá.
Ao deixar a Coreia do Sul no início desta semana, Trump comentou que teve uma conversa “muito agradável” com Carney naquele jantar, mas não deu mais detalhes. Na sexta-feira, Trump reiterou que os Estados Unidos e o Canadá não retomarão as negociações comerciais.
Carney afirmou que suas conversas com o presidente chinês, Xi Jinping, na sexta-feira representaram um ponto de virada nas relações após anos de tensões.
O último encontro formal entre os líderes do Canadá e da China ocorreu em 2017, quando o então primeiro-ministro Justin Trudeau teve uma breve conversa com Xi em uma reunião em São Francisco.
Nos últimos anos, cidadãos canadenses foram detidos e executados na China, e as autoridades de segurança do Canadá concluíram que a China interferiu em pelo menos duas eleições federais.
Carney disse ter discutido a interferência estrangeira com Xi, entre outros assuntos.
A viagem à Ásia fez parte de uma tentativa de reduzir a dependência do Canadá em relação aos Estados Unidos, afirmou Carney.
“Não pode acontecer da noite para o dia, mas estamos avançando muito rapidamente”, disse ele.
