CEO da COP30: sem consenso sobre combustíveis fósseis não teve o que fazer

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) terminou com avanços importantes em adaptação e financiamento, mas sem consenso sobre a inclusão dos combustíveis fósseis no texto final, um dos pontos mais aguardados. A CEO da COP30, Ana Toni, afirmou que a ausência de acordo entre os países impossibilitou avanços nessa frente.

Segundo avaliação de especialistas e negociadores presentes em Belém converge para um diagnóstico: as discussões sobre combustíveis fósseis foram o grande impasse da COP30.

“Pouquíssimos países estão satisfeitos” com o formato final dos acordos, sobretudo diante da retirada de referências claras à transição energética e ao fim dos fósseis.

A CEO da conferência, Ana Toni, explicou que os esforços foram feitos, mas esbarraram no processo multilateral. “A gente fez todo o esforço para que o tema de combustíveis fósseis estivesse dentro das negociações. Não teve consenso: metade dos países queria, outra metade não queria. Quando não há consenso, não tem nada que a gente pode fazer, porque esse é um processo que precisa do consenso de todos os países”, afirmou.

Apesar da frustração nesse ponto, Toni destacou que a COP30 entregou avanços significativos em outras áreas, especialmente na adaptação climática.

“Saí muito satisfeita. Acho que desde quando a gente começou, era uma COP de adaptação. Foram aprovados o triplo de financiamento para adaptação. Foi realmente uma transição justa. Teve muitos textos aprovados e, sem falar só dos textos, uma agenda de ação absolutamente robusta”, disse.

A CEO ressaltou ainda a ampla mobilização global registrada na conferência. “Teve muitas iniciativas dos governos subnacionais, do setor privado, da sociedade civil. Foram mais de 670 iniciativas de planos de aceleração”, afirmou.

Brasil lamenta retirada de proposta sobre combustíveis fósseis

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, foi uma das vozes mais críticas após a conclusão da COP30. Nas redes sociais, ela lamentou que o “mapa do caminho”, proposta defendida pelo Brasil para orientar a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis tenha sido retirado do texto final.

“Em relação ao mapa do caminho que era a proposta defendida pelo Brasil, infelizmente foi retirado do texto. Sem esse acordo para o fim do uso dos combustíveis fósseis, fica difícil encontrar uma solução para reduzir o aquecimento global”, afirmou.

Guajajara reforçou que os líderes presentes em Belém deveriam ter demonstrado mais ambição. “Os líderes que aqui estiveram precisavam de mais ousadia, de mais compromisso do tamanho que é a crise climática já enfrentada hoje”, disse.

A ministra defendeu que a pressão da sociedade civil e dos movimentos indígenas deve continuar. “Sigamos juntos, organizados, articulados, chamando a atenção para encontrarmos uma solução para acabar com todos esses impactos já vividos hoje em todas as partes do mundo”, escreveu.

Ela reforçou ainda a necessidade de romper com a dependência dos fósseis. “Vamos seguir para que tenhamos resultados concretos, compromisso dos países, a consciência de que não dá mais para viver nessa dependência dos combustíveis fósseis, porque assim estamos empurrando o planeta para o caos”, concluiu.

Um acordo final sob questionamentos

Embora tenha aprovado pacotes de ação e financiamento, a COP30 encerrou sob críticas pelo fato de o texto final não mencionar diretamente a eliminação dos combustíveis fósseis, repetindo dilemas de edições anteriores.

A cúpula apostou em avanços setoriais, mas deixou em aberto o tema considerado central por cientistas e ativistas. Ao não confrontar de forma explícita a questão dos fósseis, o acordo final frustrou tanto países vulneráveis quanto parte dos negociadores que defendiam maior clareza rumo à descarbonização.

Ainda assim, a COP30 consolidou compromissos robustos em adaptação e marcou avanços na mobilização global. Para Ana Toni, o balanço final ainda é positivo, apesar das lacunas: o processo de negociação continua, e o desafio dos combustíveis fósseis deve permanecer no centro das discussões rumo à COP31.

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