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Chet Faker detalha era mais “poderosa” e celebra energia de shows no Brasil

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Chet Faker detalha era mais “poderosa” e celebra energia de shows no Brasil

De volta ao Brasi para se apresentar no festival Rock the Mountain, no Rio de Janeiro, o cantor australiano Chet Faker — nome artístico de Nick Murphy — celebrou a conexão com o público brasileiro e refletiu sobre a nova fase de sua carreira, marcada por uma sonoridade mais orgânica e emocional, em entrevista à CNN.

Chet Faker realiza um show no evento neste sábado (8), mas chegou a se apresentar também no primeiro final de semana do festival, em 1º de novembro.

Por lá, apresentou hits da carreira, como “Gold” e “Talk is Cheap”. Ele se prepara para lançar o disco “A Love For Strangers” em fevereiro de 2026.

Sobre o álbum, o artista disse que viverá sua era mais “poderosa, espontânea e íntima” e que o novo trabalho marca um retorno à composição de base instrumental.

Confira a entrevista com Chet Faker

CNN: Então, você está no Brasil. Como tem sido até agora?

“Tem sido ótimo. Sim, nos divertimos bastante. O show foi muito divertido e depois fomos nadar. Ontem fomos ver o Cristo Redentor e, sim, estamos animados. Quero tentar encontrar algumas lojas de música, procurar instrumentos, talvez algumas coisas assim. Então, sim, estamos tranquilos, vamos explorar o Rio um pouco mais nesta semana.”

CNN: Você já veio ao Brasil algumas vezes. O que acha que há de mais especial em visitar o nosso país?

“Acho que os brasileiros têm uma energia incrível para a música ao vivo, sabe? Estão sempre se mexendo, cantando e dançando, o que é ótimo. E eu adoro ouvir música brasileira quando venho para cá. Amo o ritmo, adoro o fato de que todo mundo toca um instrumento — não é tudo computador e essas coisas, entende? É algo mais tradicional. Ah, e também… os brasileiros são muito bonitos, então isso é legal também (risos). E as praias são incríveis.”

CNN: Você está se preparando para lançar um novo álbum. Acha que a cultura ou a música brasileira podem influenciar esse projeto — ou talvez os próximos?

“Bom, não este álbum, porque ele já está pronto. Então é tarde demais para o Brasil influenciá-lo (risos). Mas o próximo… talvez, quem sabe. Vamos ver se eu encontro algum violão brasileiro legal ou alguma percussão interessante quando eu for às lojas de música.”

CNN: Você já se apresentou no primeiro fim de semana do Rock the Mountain e agora está de volta para o segundo. Vai ter algo especial neste novo show? Como ele será diferente do primeiro?

“Bom, é um público diferente. Vou ver como me sinto no dia, sabe? É difícil mudar o setlist porque eu preciso tocar meus maiores sucessos. Acho que as pessoas ficariam chateadas se eu não tocasse ‘No Diggity’, ‘Talk Is Cheap’ e ‘Gold’. Elas iam pensar ‘o que está acontecendo?’”.

CNN: Falando do novo álbum, ‘Love for a Stranger’: o que acha que será diferente do que você já fez antes — e o que vai continuar igual?

“É uma pergunta difícil de responder, porque pra mim tudo é novo. Então, na minha experiência, tudo muda. Mas acho que, para quem ouve de fora, talvez soe parecido em alguns estilos e coisas assim. A maior mudança pra mim neste disco foi me afastar da produção ser o ponto de partida da música — aquela coisa de começar tudo no computador, com samples e tal — e voltar à composição mais tradicional: escrever e tocar com instrumentos. Muitas músicas foram escritas no violão ou no piano, tocando e cantando. Então é um retorno a uma forma mais clássica de compor, e depois adicionar a produção por cima disso.”

CNN: Você está lançando esse novo projeto como Chet Faker. Eu vi uma entrevista antiga em que você dizia que fazer o “Hotel Surrender” já parecia mais um projeto “Chet Faker” do que “Nick Murphy”. Como foi isso com “Love for a Stranger” — e por que continuar usando o nome Chet Faker?

“Acho que eu sempre soube que faria um disco do Chet Faker. Não foi algo que precisei decidir. Eu lancei outro álbum como Nick Murphy logo depois de ‘Hotel Surrender’, um disco lindo, aliás — recomendo que todos ouçam. Então foi meio como: Chet, Nick, Chet. Mas em nenhum momento pensei seriamente ‘ah, talvez esse não deva ser um disco do Chet Faker’ ou algo assim. Eu já sabia que seria. Embora, de certa forma, alguns sons do material que fiz como Nick Murphy começaram a se misturar um pouco com o universo do Chet. Acho que esses dois mundos estão lentamente se encontrando.”

CNN: Você mencionou que algumas músicas simplesmente “aparecem”, como “Inefficient Love”. Pode contar sobre um momento de epifania criativa durante a gravação deste álbum?

Sim, muitas dessas músicas surgiram assim. Eu estava sentado em casa, assistindo algo na TV, e de repente pegava o violão. Foi assim que escrevi ‘Inefficient Love’. O mesmo aconteceu com ‘Far Side of the Moon’ — também nasceu nesse mesmo sofá, só com outro violão. E várias músicas de piano — que ainda não saíram, mas estarão no disco — também nasceram assim. Tenho um piano que comprei há anos, feito em 1988, o mesmo ano em que eu nasci. E fico ali, tocando… e parece que a música já estava lá, só esperando pra ser tocada. É como se, naquele dia, algo me fizesse tocar acordes diferentes, algo fora do habitual. Não sei, é difícil descrever. Se eu conseguisse explicar, talvez não precisasse escrever as músicas (risos). Elas simplesmente aparecem.

CNN: Eu adorei as três faixas que você lançou até agora. Parece que há dois estilos de produção: ‘Inefficient Love’ tem uma vibe, enquanto ‘This Time for Real’ tem outra. O novo álbum pende mais para qual lado?

“Ele é mais parecido com ‘Far Side of the Moon’ e ‘Inefficient Love’. Na verdade, eu quase tirei ‘This Time for Real’ do disco — no dia antes de enviar o vinil para a fábrica! Pensei: ‘Essa música não pertence a este álbum’. É tão diferente. Mas acho que funciona quando você ouve o álbum inteiro, na sequência. Ainda assim, é engraçado, porque se você ouvir isoladamente, parece outro estilo. De certa forma, é quase uma despedida desse tipo de som mais pop, mais produzido. Porque não é tão divertido tocar esse tipo de música ao vivo. É muito mais legal tocar as que têm alma, instrumentos, performance real. Mas sim, quando você ouvir ‘Love for a Stranger’, vai perceber uma linha que conecta tudo. E eu quase cortei ‘Gold’ de ‘Built on Glass’ pelo mesmo motivo (risos). Então acho que é só uma sensação — mas no fim, tudo se encaixa.”

CNN: Que bom saber — porque “Inefficient Love” foi minha favorita disparada!

“Minha também! Minha também. Com certeza (risos).”

CNN: O que foi mais divertido em criar esse novo projeto?

“Boa pergunta. Não sei se eu chamaria de ‘divertido’ fazer um álbum — é mais algo que eu simplesmente preciso fazer. Mas acho divertido tocar as músicas ao vivo, levar isso pras pessoas. Gostei muito de mudar o estilo de produção, de deixar de lado aquele som grandioso, cheio de camadas, e voltar a tocar instrumentos, compor do jeito antigo. Isso tem sido recompensador pra mim, muito positivo. Espiritualmente, eu me sinto melhor escrevendo músicas assim. Esse foi um grande passo pra mim.”

CNN: Por fim, porque nosso tempo está acabando, para quem ainda não te conhece tão bem no Brasil, que mensagem ou experiência você espera que as pessoas levem do seu show aqui?

“Se gostarem, ótimo. Se não gostarem, tudo bem também. Não é meu trabalho fazer alguém sentir algo que não quer sentir, sabe? Eu acho que a música é boa, o show é bom. Então… é isso. Se gostarem, ótimo; se não, também está tudo bem. Espero apenas que todo mundo se divirta.”

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