A Arábia Saudita e a União Europeia receberam o prêmio de “Fóssil Colossal” da COP30, entregue pela Climate Action Network (CAN) nesta sexta-feira (21). A premiação irônica elege os países que mais atrapalharam o combate às mudanças climáticas durante a Conferência.
“Uma rara vitória dupla para a mais prestigiosa desonra da COP30: o Fóssil Colossal vai conjuntamente para a Arábia Saudita e a União Europeia – dois atores vastamente diferentes em termos de geografia, política e personalidade, mas que harmonizam perfeitamente esta semana numa arte comum: bloquear o progresso”, diz o comunicado divulgado pela CAN.
“Um esvaziou a lei, a ciência e as medidas de mitigação. O outro realizou uma dança lenta e processual digna de aplausos. Estilos diferentes. Mesmo impacto: paralisar a ambição”, acrescenta o texto.
A organização ainda listou os principais motivos que fez com que cada um levasse o prêmio durante a COP30, em Belém.
Arábia Saudita
- Rejeitou o reconhecimento do parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça sobre as obrigações climáticas.
- Tentou eliminar as proteções para mulheres defensoras dos direitos humanos ambientais.
- Isso relegou os direitos humanos em Loss and Damage a uma nota de rodapé – literal e politicamente.
- Ignorou qualquer proposta para dar seguimento ao compromisso já acordado de fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis.
União Europeia
- Bloquear o financiamento público baseado em subsídios – muita conversa, nenhuma transferência de resultados.
Esquivar-se da clareza do Artigo 9.1 – uma ginástica processual digna do Cirque du Soleil.
Recusar-se a triplicar o financiamento para adaptação proveniente de países desenvolvidos – demonstra alergia a números, especialmente aos grandes.
Cortes drásticos nos orçamentos de AOD (Ajuda Oficial ao Desenvolvimento) e de clima em nível nacional – a clássica tática de “prometer agora, pagar nunca”.
Já o título de “Raio da COP” foi para a Colômbia, como destaque positivo para a atuação do país na COP30.
“Homenageada pelo terceiro ano consecutivo por sua liderança pautada em princípios, consistente e em constante ascensão na agenda climática global. A Colômbia é uma das vozes mais claras a defender uma transição planejada para longe dos combustíveis fósseis – não como uma aspiração, mas como um plano”, diz o comunicado.
Ao longo de cada COP, a Climate Action Network divulga diariamente o prêmio de “Fóssil do Dia”, elegendo qual nação “é a melhor em ser a pior e faz o máximo para fazer o mínimo” no enfrentamento da crise climática.
O “Fóssil Colossal” elege aqueles que se destacaram em atrapalhar as negociações ao longo de toda a Conferência.
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