Cúpula das Américas é adiada em meio a tensão no Caribe; entenda

A Cúpula das Américas, que seria realizada em dezembro na República Dominicana, foi adiada pelo país em meio às tensões diplomáticas na região, marcadas pelo destacamento militar dos Estados Unidos que pressiona a Venezuela.

As autoridades dominicanas afirmaram que tomaram a decisão “após uma análise cuidadosa da situação na região”, sem detalhar os motivos. O Ministério das Relações Exteriores não forneceu estimativas do custo econômico do cancelamento dos contratos para o evento.

Embora a cúpula não tenha um cronograma definido, esta é a primeira vez que ela é adiada devido ao contexto político, um sinal sintomático das divisões na região.

Apoio de Washington

O governo do presidente Luis Abinader indicou que a medida foi “acordada” com seus parceiros mais próximos, incluindo os Estados Unidos.

Por sua vez, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse na rede social X que “apoia totalmente a decisão”. Ele também garantiu que colaborará no planejamento de um “evento produtivo” em 2026, “focado no fortalecimento de alianças e no reforço da segurança de nossos cidadãos”.

Este fórum de chefes de Estado, promovido por Washington, é realizado desde 1994. Os EUA têm utilizado o processo da cúpula “para construir coligações hemisféricas, garantir compromissos e formalizar processos de cooperação regional que apoiem os objetivos da política externa americana”, segundo o Departamento de Estado.

O governo equatoriano, também aliado de Washington, afirmou em comunicado que “apoia a decisão” de adiar a cúpula.

As exclusões

A República Dominicana anunciou no final de setembro que não convidaria Cuba, Nicarágua e Venezuela, alegando a necessidade de “uma participação mais ampla e para garantir o sucesso do fórum”, uma decisão que gerou críticas e reações. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, e o presidente colombiano, Gustavo Petro, também anunciaram que não participariam.

“Nunca concordamos com a exclusão de nenhum país”, disse Sheinbaum em uma coletiva de imprensa. Enquanto isso, Petro escreveu no X: “O diálogo não começa com exclusões”.

No entanto, esta não é a primeira vez que Caracas, Havana e Manágua foram excluídas, o que já levou à ausência de outros líderes.

Os Estados Unidos sediaram a última edição deste fórum em 2022 (que foi adiada por um ano devido à pandemia de Covid-19) e também excluíram os três países, citando seu histórico de direitos humanos. Em resposta, os governos do México e da Bolívia enviaram seus ministros das Relações Exteriores.

Foco na Venezuela

Desta vez, as tensões na região são maiores. “As profundas divergências que atualmente dificultam o diálogo produtivo nas Américas eram imprevisíveis”, afirmou a República Dominicana em comunicado.

O evento seria realizado em Punta Cana entre 1 e 5 de dezembro, sob o lema “construindo um hemisfério seguro, sustentável e próspero para todos”.

Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha se reunido recentemente com Trump e ambos os líderes tenham demonstrado disposição para reduzir as tensões bilaterais e normalizar o comércio entre os dois países, o brasileiro também expressou sua vontade de mediar o conflito entre Caracas e Washington, o que mantém o assunto como um dos principais focos de atenção.

Desde agosto, os Estados Unidos têm enviado navios e aeronaves militares para o Caribe e, desde setembro, realizaram ataques contra pelo menos 16 embarcações, deixando mais de 60 mortos no Caribe e no Pacífico. A Casa Branca afirma que se tratam de operações de combate ao narcotráfico, embora não tenha apresentado nenhuma prova, enquanto o governo venezuelano insiste que o objetivo das manobras é a derrubada do ditador Nicolás Maduro.

A pressão sobre a Venezuela também levou líderes como Petro e Lula a se mostrarem mais próximos de Caracas nas últimas semanas, rejeitando as manobras militares dos EUA. Os líderes se distanciaram de Maduro após as controversas eleições venezuelanas e não reconheceram os resultados proclamados pelas autoridades,

“Já vimos esse filme antes”, disse o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, em outubro, após a decisão de excluir os três países. Comparado ao evento de 2022, e mesmo após a reeleição de Maduro, a Venezuela poderia ter angariado mais apoio.

Os Estados Unidos sempre participaram da cúpula por meio de seu presidente ou vice-presidente. No caso de Donald Trump, ele cancelou abruptamente sua viagem ao fórum de 2018 no Peru, e desta vez poderia ter enfrentado questionamentos sobre as operações militares que autoriza.

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