As informações sobre a megaoperação policial entregues pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), são diferentes dos números oficiais divulgados por representantes das secretarias estaduais de Segurança Pública, Polícia Civil e Polícia Militar na semana passada.
Em coletiva de imprensa na última quarta-feira (28), as secretarias informaram que 119 pessoas morreram e 113 suspeitos foram presos.
Também foi divulgada a apreensão de 118 armas (91 fuzis, 26 pistolas e um revólver), 14 artefatos explosivos e uma quantidade de drogas ainda em “fase de pesagem”.
No documento entregue ao STF, porém, o governo do Rio fala em 121 mortos e 99 pessoas presas ou detidas, um número inferior ao divulgado na coletiva.
Há também discrepância na contagem das armas: o relatório ao Supremo aponta 122 armas apreendidas, sendo 96 fuzis, 25 pistolas e 1 revólver, além de 260 carregadores e cerca de 5.600 munições. O documento ainda menciona 12 explosivos, 15 veículos apreendidos, 22 kg de cocaína e cerca de 2 toneladas de maconha.
A megaoperação realizada no Complexo da Penha e do Alemão foi a mais letal da história do Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira (5), o ministro Alexandre de Moraes realizou uma audiência conjunta com entidades de direitos humanos para tratar do caso.
As organizações civis falam em violações de direitos, execuções e excesso na abordagem policial, enquanto o governo do estado nega abusos e afirma que a ação mirou combater organizações criminosas.
O relatório do governo do RJ e os relatos das entidades serão analisadas pelo ministro, que assumiu de forma temporária a relatoria da chamada “ADPF das Favelas”, após a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso.
A ação estabeleceu protocolos para limitar e monitorar ações policiais no Rio, de forma a reduzir a letalidade em zonas periféricas. Moraes deve avaliar de as determinações do Supremo foram descumpridas na megaoperação.

