O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou, nesta terça-feira (11/11), a ata referente à reunião de novembro. Segundo o Copom, as negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos são fontes de incertezas imediatas.
Além disso, o shutdown nos EUA aumenta a dificuldade de se avaliar a conjuntura corrente. A avaliação do Comitê é de que persiste maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela. Para o colegiado, o cenário externo segue incerto e com risco de longo prazo.
“Os riscos de longo prazo, como a política comercial norte-americana, a precificação apropriada de fundamentos e a elevação de gastos fiscais em vários países, se mantêm presentes. Já sobre as fontes de incerteza mais imediatas, destacam-se as negociações comerciais entre Brasil e EUA e a condução da política monetária norte-americana em ambiente de government shutdown, que aumenta a dificuldade de se avaliar a conjuntura corrente”, afirmou o texto.
Leia também
-
Alckmin: governo espera redução da Selic na próxima reunião do Copom
-
Dólar cai e Bolsa bate recorde com “ressaca” do Copom, IR e Petrobras
-
Copom mantém tom duro e não abre espaço para início de queda da Selic
-
Ibovespa bate novo recorde e vai a 153 mil pontos pré-Copom. Dólar cai
Selic em 15% ao ano
Na ata, o comitê explica os motivos que levaram ao fim do ciclo de altas na taxa básica de juros, a Selic. A taxa foi mantida em 15% ao ano, pela terceira vez consecutiva.
O ciclo de aperto monetário teve início em setembro do ano passado, quando o comitê decidiu interromper o ciclo de cortes e elevar a Selic, que passou dos então 10,50% ao ano para 10,75% ao ano.
A Selic está no patamar mais elevado em quase 20 anos. Conforme dados da série histórica, a taxa de juros é a maior desde julho de 2006, época do fim do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entenda a situação dos juros no Brasil
- A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação.
- Os integrantes do Copom são responsáveis por decidir se vão cortar, manter ou elevar a taxa Selic. Uma vez que a missão do BC é controlar o avanço dos preços de bens e serviços do país.
- Ao aumentar os juros, a consequência esperada é a redução do consumo e dos investimentos no país.
- Dessa forma, o crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para consumidores e produtores.
- Projeções mais recentes mostram que o mercado desacredita em um cenário em que a taxa de juros volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula e o mandato de Galípolo à frente do BC.
Na ata, o Copom afirma que a atividade econômica doméstica manteve trajetória de moderação no crescimento, reforçando a interpretação do cenário delineado pelo Comitê estar, até agora, se concretizando, ou seja, o aumento da taxa de juros está se refletindo na economia do país.
“Os dados mais recentes corroboram, em geral, o prosseguimento de uma redução gradual de crescimento, ainda que, em momentos de inflexão no ciclo econômico, seja natural observar sinais mistos advindos de indicadores econômicos ou alguma diferença entre as expectativas e as divulgações”, diz o texto.
Com relação à política fiscal, o texto afirma que o colegiado manteve a firme convicção de que as políticas devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas. Segundo os membros do comitê, existe a necessidade de políticas fiscal e monetária serem harmoniosas.
Os membros do comitê afirmaram, ainda, que a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum e deve ser combatida.
De acordo com a ata, foi ressaltado que ambientes com expectativas desancoradas aumentam o custo de desinflação em termos de atividade. O cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos.
“Na discussão sobre esse tema, a principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Comitê foi de que, em um ambiente de expectativas desancoradas, como é o caso do atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”.
Isenção do Imposto de Renda
O Comitê afirmou que optou por já incorporar uma estimativa preliminar do impacto da medida de ampliação da isenção do imposto de renda.
O texto afirma que o colegiado considera que tal estimativa é bastante incerta e acompanhará os dados para calibrar seus impactos.
“Esta opção por uma postura conservadora e dependente de dados é reforçada por exemplos recentes de medidas, fiscais e creditícias, que se conjecturava que poderiam levar a uma discrepância em relação ao cenário delineado, mas não provocaram divergências relevantes em relação ao que se esperava”.
Por fim, o Copom disse que seguirá acompanhando o ritmo da atividade econômica, fundamental na determinação da inflação, e em particular da inflação de serviços.
— Reuniões em 2025:
28 e 29 de janeiro
18 e 19 de março
6 e 7 de maio
17 e 18 de junho
29 e 30 de julho
16 e 17 de setembro
4 e 5 de novembro
9 e 10 de dezembro
— Reuniões em 2026:
27 e 28 de janeiro
17 e 18 de março
28 e 29 de abril
16 e 17 junho
4 e 5 de agosto
15 e 16 de setembro
3 e 4 de novembro
8 e 9 de dezembro.
Fonte: Metrópoles
