O segundo dia do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2025, realizado neste domingo (16), foi marcado por uma prova considerada equilibrada, acessível e com boa distribuição de conteúdos. Assim como no primeiro dia, os enunciados vieram mais curtos e objetivos, com forte presença de contextualização e temas atuais.
Para Raul Celestino de Toledo, coordenador pedagógico do Poliedro, o exame “manteve a tendência observada no primeiro dia”, com menos textos, boa organização dos conteúdos e questões diretas.
Ele afirma que ciências da natureza trouxe temas contemporâneos — como produção de vacinas e descarte de hormônios sexuais —, enquanto matemática apresentou diversidade de assuntos, forte contextualização e ausência de grandes surpresas.
Segundo Fernando Roma, professor de biologia da Escola SEB AZ Lafaiete, das 15 questões da disciplina, prevaleceram tópicos de ecologia, como eutrofização e mitigação do efeito estufa. Também apareceram itens de zoologia, genética, biotecnologia, fisiologia humana e citologia.
“A ausência de questões de botânica chamou atenção”, afirma. Houve ainda uma questão envolvendo vacina e resposta imunológica.
Para Daniel Ávila, professor de física da Plataforma AZ, o nível foi “bem padrão”, com metade das questões exigindo cálculos e metade focadas em conceitos. O tema mais frequente foi eletricidade — eletrodinâmica, eletrostática e eletromagnetismo — somando seis questões.
Entre os itens mais difíceis, ele cita uma questão de intensidade sonora com logaritmo e outra sobre tratamento para um bebê. As mais fáceis envolveram calorimetria e propagação de calor. “Nada surpreendente.”
De acordo com a professora Carolina Costrino, do curso Anglo, a prova foi classificada como de fácil a média. Houve duas questões de estequiometria — consideradas as mais trabalhosas — além de itens sobre pilhas, deslocamento de equilíbrio, termoquímica e usina nuclear.
Carolina observa que química orgânica apareceu um pouco mais, como é comum no Enem, e que o exame ficou “mais direto e mais rápido” do que no ano passado. “Chama atenção uma questão seca de nomenclatura, bem fora da tradição do Enem”, diz.
Na interdisciplinaridade, ela destaca questões que misturavam física, biologia e até matemática.
A disciplina manteve o equilíbrio esperado e apresentou grande variedade de contextos. Para Daniel Lima, professor de matemática do SEB AZ Lafaiete, a prova cobrou exatamente o que costuma ser trabalhado em sala.
Entre os destaques, ele cita questões sobre GNV, economia de água, jogos digitais, ciclovia em orla circular, logaritmos, porcentagem, interpretação de gráficos e regra de três composta. “Uma prova bem dentro do previsto para quem estudou.”
Autoescolas
Raul Celestino reforça que a contextualização foi marcante em praticamente todas as questões. Ele menciona, por exemplo, o item que simulava o custo para obter a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), tema próximo à recente polêmica sobre a obrigatoriedade das autoescolas.
Carolina Costrino avalia que a matemática trouxe “muitas modelagens e algumas questões que exigiam apenas interpretação visual de gráficos”, seguindo a linha do ano passado.
Entre os itens mais comentados pelos professores, estiveram: o comportamento das mariposas na música “As Mariposas”, de Adoniran Barbosa, para discutir fenômenos físicos; a fototerapia para recém-nascidos com icterícia; questões baseadas em brinquedos eletrônicos e jogos digitais; e uma tabela sobre custo de aulas em autoescolas fictícias.
