Estévia “turbina” minoxidil e melhora tratamento da calvície, diz estudo

A perda de cabelo em homens e mulheres, conhecida cientificamente como alopecia androgenética (AGA), é uma doença que, além do impacto estético, pode afetar profundamente o bem-estar emocional. Pesquisas normalmente associam a condição à queda da autoestima, ansiedade e piora na qualidade de vida.

Recentemente, uma equipe de pesquisadores da China e da Austrália desenvolveu uma forma inovadora, e criativa, de aplicar um medicamento já conhecido há décadas para tratar a calvície — o minoxidil —, usado até agora como loção ou espuma tópica no couro cabeludo.

Publicado na revista Advanced Healthcare Materials, o estudo não questiona a eficácia do famoso vasodilatador, que continua sendo um dos poucos medicamentos cientificamente comprovados para tratar a AGA. O que os pesquisadores fizeram foi tentar melhorar a forma como o remédio é absorvido pela pele.

Quer dizer, o minoxidil funciona, mas parte dele se perde ou não penetra bem nos folículos capilares quando aplicado como loção. É aí que entra em cena a proposta do estudo: o microagulhamento, um tratamento complementar inédito que utiliza minúsculas agulhas tão pequenas que quase não são sentidas na pele.

E o grande segredo que permite a essas microagulhas atravessar a pele sem causar dor — e liberar o minoxidil diretamente nos folículos — está na sua composição química: o esteviosídeo, um composto natural extraído da planta estévia, que usamos, em sua versão industrializada, para adoçar o café.

Como os cientistas resolveram misturar minoxidil com estévia?


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A ideia de usar um adoçante para tratar a calvície aproveita a capacidade da estévia de formar microagulhas • Freepik

A ideia de usar um adoçante para tratar a calvície não veio “do nada”, mas segue uma lógica química e farmacológica: além da capacidade de formar microagulhas sólidas que se dissolvem na pele, o esteviosídeo é uma molécula anfifílica, ou seja, pode formar micelas para dissolver o minoxidil.

As micelas são como bolhas inteligentes de pequenas moléculas chamadas anfifílicas, com duas partes: uma hidrofílica, que gosta de água; e outra hidrofóbica que evita água. Uma vez na água, elas se organizam sozinhas: as hidrofóbicas ficam no centro da bolha, e as hidrofílicas, voltadas para fora.

Um exemplo comum de micelas são os shampoos, nos quais a parte hidrofóbica prende a sujeira e a oleosidade do cabelo, enquanto a parte “amiga da água” fica para fora, permitindo enxaguar facilmente. O mesmo raciocínio vale para os detergentes de cozinha, onde a gordura dos pratos é removida com facilidade pela água.

Já na situação proposta no estudo, as micelas formadas pelo esteviosídeo “abraçam” as moléculas do minoxidil, que não se misturam bem com água. Dessa forma, o medicamento consegue viajar “a bordo” das micelas, que se desestruturam no ambiente úmido da pele e liberam o minoxidil exatamente onde ele precisa agir.

A interação da micela com a água cria uma estrutura que é, ao mesmo tempo, solúvel e estável no meio aquoso. Dessa forma, o núcleo hidrofóbico protege o minoxidil — que é insolúvel —, enquanto a camada externa hidrofílica permite que a micela inteira se misture completamente à solução. O passo seguinte foi testar tudo isso.

Como foram os primeiros testes das agulhas de minoxidil


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Ratos tratados pelo patch de microagulhas tiveram um crescimento de 67,5% da área tratada após 35 dias • Freepik

Para tornar a aplicação mais prática do que os remédios atuais, que escorrem, pingam e deixam resíduos, os autores apostaram em um sistema mais sofisticado: um adesivo de microagulhas dissolvíveis, no qual as próprias micelas de minoxidil e esteviosídeo formam o material das microestruturas, em um patch de 10 x 10 pontas piramidais.

Embora rígidas o bastante para abrir microcanais na pele, essas agulhinhas não causam dor e, uma vez inseridas, dissolvem-se e liberam o minoxidil diretamente na epiderme e derme, perto dos folículos. O método é minimamente invasivo, reduz o desperdício e garante uma entrega precisa.

Para comprovar a eficiência, os pesquisadores testaram a capacidade do adesivo de liberar o minoxidil e fazê-lo penetrar na pele. O experimento usou a pele da orelha de um porco, que é muito semelhante ao órgão humano. Mais de 85% do medicamento atravessou a superfície cutânea, e 20% permaneceu retido na pele.

Mas o teste definitivo — o crescimento de cabelo — foi realizado em ratos machos com alopecia induzida por injeções de testosterona. Os roedores foram divididos em quatro grupos: sem tratamento, com adesivo só com esteviosídeo, o minoxidil padrão a 2% e o novo patch de microagulhas STV-MXD.

Os resultados surpreenderam a equipe: em duas semanas os camundongos com STV-MXD já mostravam um crescimento visível de pelos, e, após 35 dias, 67,5% da área tratada estava coberta por fios escuros. O minoxidil clássico, por outro lado, gerou apenas 25,7% de cobertura, confirmando a superioridade do adesivo.

Para o coautor correspondente Lifeng Kang, da Universidade de Sydney, na Austrália, “O uso de esteviosídeo para melhorar a entrega de minoxidil representa um passo promissor em direção a tratamentos mais eficazes e naturais para a queda de cabelo, potencialmente beneficiando milhões em todo o mundo”, concluiu ele em comunicado.

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