O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou neste domingo (17) que os Estados Unidos designarão o Cartel dos Sóis como uma organização terrorista estrangeira, com efeito a partir de 24 de novembro.
Os EUA alegam que o cartel venezuelano é liderado por Nicolás Maduro e outros altos funcionários do governo.
“Nem Maduro, nem seus associados representam o governo legítimo da Venezuela”, afirmou o Departamento de Estado em um comunicado à imprensa.
“O Cartel dos Sóis, juntamente com outras organizações terroristas estrangeiras designadas, incluindo o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa, é responsável por violência terrorista em todo o hemisfério, bem como pelo tráfico de drogas para os Estados Unidos e a Europa.”
A designação ocorre em um momento em que os Estados Unidos aumentaram sua presença militar no Caribe, incluindo a chegada do maior porta-aviões do mundo no domingo, e em meio a crescentes tensões entre o presidente Donald Trump e Maduro.
Trump sugeriu no domingo que designar o Cartel dos Sóis como uma organização terrorista estrangeira daria aos militares dos EUA a capacidade de atacar os bens e a infraestrutura de Maduro dentro do país.
“Isso nos permite fazer isso, mas não dissemos que vamos fazer”, disse Trump a repórteres ao deixar a Flórida para retornar a Washington.
“Podemos ter algumas conversas com Maduro e veremos como isso se desenrola”, afirmou o presidente americano. “Eles querem conversar”, disse ele, sem dar mais detalhes.
Embora Trump tenha insinuado na sexta-feira (14) que havia tomado uma decisão sobre uma ação militar na Venezuela, ele não chegou a se comprometer no domingo.
Trump deixou uma coisa clara: ele não acredita que o governo precise de autorização do Congresso para uma possível ação militar dentro da Venezuela. Ao mesmo tempo, o presidente disse que é a favor de manter os legisladores informados.
“Gostamos de manter o Congresso informado. Quero dizer, nós impedimos o tráfico de drogas e a entrada de drogas em nosso país… não precisamos da aprovação deles. Mas acho que informá-los é uma coisa boa”, disse ele.
A CNN noticiou o ceticismo de alguns especialistas quanto à legalidade dos ataques aos barcos, visto que os Estados Unidos não declararam guerra à Venezuela. A designação de uma organização terrorista estrangeira autoriza o presidente dos EUA a impor sanções, mas não autoriza explicitamente o uso de força letal.
No entanto, a medida é uma das mais sérias do Departamento de Estado. É ilegal para cidadãos americanos fornecerem “apoio material ou recursos” a uma organização terrorista estrangeira designada, e representantes e membros de tais organizações são proibidos de entrar nos EUA.
O Congresso tem sete dias para revisar a designação após ser notificado e, “na ausência de ação do Congresso para bloquear a designação”, ela entra em vigor, segundo o Departamento de Estado.
No início deste ano, Rubio afirmou que a medida dava aos Estados Unidos o direito de “atacar esses grupos”.
“Precisamos começar a tratá-los como organizações terroristas armadas, e não simplesmente como organizações de narcotráfico. O narcotráfico é o tipo de terrorismo que eles praticam, e não é o único”, disse Rubio.
Em julho, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou o Cartel dos Sóis, designando-o como uma “organização terrorista internacional especialmente designada” e alegando que ele “forneceu apoio material ao Tren de Aragua e ao Cartel de Sinaloa”.
Segundo o Departamento do Tesouro, “o nome do cartel deriva dos sóis que aparecem comumente nos uniformes de oficiais militares venezuelanos”.
Em agosto, a Procuradora-Geral Pam Bondi ofereceu uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levassem à prisão de Maduro para que ele respondesse por acusações de narcotráfico nos Estados Unidos.
Nenhuma prova conclusiva foi apresentada sobre o suposto papel do líder venezuelano no narcotráfico internacional.
Caracas rejeitou categoricamente as acusações. “O Cartel dos Sóis, por si só, não existe. É um termo jornalístico criado para se referir ao envolvimento das autoridades venezuelanas no narcotráfico”, disse Phil Gunson, pesquisador do International Crisis Group, com sede em Caracas, à CNN.
No entanto, isso não significa que não haja militares ou funcionários do governo envolvidos no narcotráfico.
“Os cartéis estão aqui, os colombianos e os mexicanos também. Há carregamentos de drogas ao longo do Rio Orinoco e por via aérea, através de pistas de pouso clandestinas, voos de Apure para a América Central e assim por diante. Nada disso seria possível sem o envolvimento direto da cúpula”, observou Gunson.
